ÚNICA VEREADORA TRANSEXUAL DE VIÇOSA É VÍTIMA DE TRANSFOBIA
20 de abril de 2017

Viçosa é uma das poucas cidades brasileiras, que elegeu nas eleições municipais de 2016 uma vereadora transexual e com a segunda maior votação para o legislativo municipal. A eleição e Brenda Santunioni com 968 votos é motivo de orgulho para diversas camadas da sociedade e movimentos sociais ligados às causas LGBT.

Pichação no muro da casa da vereadora.
Foto: Reprodução

Mas, no inicio dessa semana a vereadora Brenda Santunioni relatou através de suas redes sociais, que o muro de sua casa no bairro Nova Viçosa havia sido pichado com dizeres transfóbicos e de cunho preconceituosos. No muro foram escritos as palavras “Viado”, “Pau no **” e também a expressão “X9”, que segundo a vereadora se deve ao fato de suas denuncias em relação aos problemas vividos pelos moradores dos bairros Nova Viçosa e Posses, tráfico de drogas e abandono e maus tratos aos animais de rua.

Durante sua fala na Tribuna Livre da reunião da Câmara dos Vereadores de Viçosa dessa terça-feira (18), a vereadora relatou oque havia acontecido e recebeu apoio de seus colegas de legislatura e de movimentos sociais e órgãos ligados a UFV e ao Estado de Minas Gerais, atraves de notas.

Para Brenda, as pichações demonstram intenções mais "obscuras" contra a atuação da vereadora na política e na militância. “Assim que [LGBTTs, mulheres e negros] começaram a ocupar os espaços de direito na sociedade, geraram incômodo, e os incomodados não querem que tenhamos os mesmos direitos que todos”, declarou a vereadora.

Entre as falas dos vereadores, demonstrações de suporte à Brenda e à identificação dos autores. Sávio José (PT) reafirmou o compromisso com os Direitos Humanos: “sigo sendo defensor da causa e apoiador de todas as pessoas de Viçosa”. Geraldo Luís Andrade (Geraldão) (PTB) afirmou que o ocorrido envolve muitas questões graves, como “invasão da privacidade e da propriedade privada, além é claro da homofobia”.

A Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania de Minas Gerais, por meio de Nota Pública assinada pelo Coordenador Especial de Políticas de Diversidade Sexual, Douglas Estevão de Miranda, manifestou preocupação com o fato e se colocou à disposição da Câmara Municipal para monitorar e atuar na investigação do caso.

Brenda Santunioni fazendo campanha durante a 7º Parada do Orgulho Gay de Viçosa em 2016. Foto: Site Descubrame

Em carta pública, a ONG Movimento Diversidade Viçosa, e sua Presidente, Scarlet Lourenço, demonstram indignação com o ocorrido que “incita o ódio e o preconceito”.

A Associação dos Artesãos de Viçosa (Ativarte) enviou correspondência assinada pela Presidente, Tania Mara de São José e demais membros, em que pede às autoridades que tomem as providências necessárias para que atos similares não voltem a acontecer no município.

Moção de Repúdio também foi encaminhada pela PraxCis – Empresa Júnior de Ciências Sociais da UFV. No documento, o Gerente de Comunicação, João Pedro Paixão, afirma que a situação é inadmissível e que Viçosa deve ser “exemplo de respeito às individualidades e promotora da liberdade”.

Brenda registrou boletim de ocorrência na Delegacia da Polícia Civil de Viçosa, que vai abrir investigação para apurar o caso. A vereadora também agradeceu o apoio recebido e salientou que não vai retroceder na defesa de suas ideias e lutas: “Viçosa é uma cidade de pessoas de bem, e esse é um problema que demanda pessoas como eu e todos vocês para defender”, finalizou.

 

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