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ESTUDANTE UNIVERSITÁRIO SE DIZ VÍTIMA DE INJÚRIA RACIAL
19 de dezembro de 2014

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Jovem foi barrado ao entrar em estabelecimento por ser negro. Empresa diz que foi um mal-entendido.

Um episódio de injúria racial acontecido em Viçosa, no último fim de semana, está repercutindo nas redes sociais. O estudante da UFV Wagner Rober diz ter sido barrado de entrar no estabelecimento Boca Viçosa, localizado no Centro de Viçosa, por um segurança contratado. Wagner alega que ele foi impedido por ser negro.

– Quando eu fui entrar, o cara fez aquela bendita pergunta, que tá implícito o racismo da pior maneira possível, da maneira velada. Ele se dirigiu a mim e perguntou: “O que você vai fazer aí dentro? O que você está querendo aí dentro?”. E aquilo fez o meu sangue ferver. E eu respondi: “Como assim, cara, você tá barrando a minha entrada?”. Nisso, o segurança percebeu que não estava falando com um ignorante. E independente se eu estivesse mal vestido, que não deveria ser o motivo, ele me barrou, com certeza, ou ele me fez aquela pergunta, porque eu sou negro – explica o estudante.

De acordo com a vítima, essa é a primeira vez que ele é barrado de entrar em um estabelecimento. O caso ganhou repercussão, depois que Wagner relatou o acontecido no Facebook. O sócio-proprietário do estabelecimento Boca Viçosa, Carlos Eduardo de Souza Dantas, disse que pediu desculpas pelo acontecido a Wagner, por meio da rede social, e também emitiu uma carta aberta à comunidade esclarecendo, segundo ele, o mal-entendido.

– Todos os anos, nessa época do ano, nós contratamos uma empresa de segurança para auxiliar na segurança da empresa. E, no sábado (13), o estudante ao entrar foi impedido por esse segurança. Nós queremos deixar claro que não há nenhuma recomendação nossa desse tipo, de impedir qualquer pessoa de entrar. Foi um ato isolado, e eu não saberei explicar, talez o vigilante saiba. Foi relatado pelo estudante que ele foi barrado, o motivo e a forma a gente não tem conhecimento. E, depois do ocorrido, só nos restou pedir desculpas. Inicialmente, eu mandei uma mensagem inbox na rede social dele e, depois, eu enviei uma carta aberta à população, explicando o ocorrido e lamentando profundamente. Já estão taxando e condenando a empresa como racista e preconceituosa, e a gente não tem esse conceito. Fico algo ruim para a empresa, pois foi uma empresa terceirizada que fez isso – declara Carlos.

Em nota, o estabelecimento também disse que é a primeira vez que um caso de injúria racial acontece em 30 anos de história. Wagner Rober disse que não irá processar judicialmente nem o estabelecimento, nem o segurança.

– O Boca Viçosa poderia ter um ônus financeiro, mas, sinceramente, eu não quero grana por uma coisa negativa. Um dinheiro que não seria fruto do meu trabalho – revela.

A nossa equipe de reportagem buscou uma resposta sobre a atitude do segurança contratado. Ao entrar em contato com a empresa de segurança particular Gate, falamos com o responsável pelo serviço, conhecido como Antônio ou Toninho, que nos atendeu, mas se negou a gravar qualquer resposta.

Pedro Vital