A atual crise no mercado de trabalho brasileiro vem castigando mais duramente os mais jovens. A Carta de Conjuntura divulgada nesta sexta-feira pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que a taxa de desemprego entre quem tem idade de 14 e 24 anos fechou o primeiro trimestre em 26,36%. No quarto trimestre de 2015, o desemprego nessa faixa etária era de 20,89%.
Os mais jovens têm não apenas a mais alta desocupação entre as três faixas de idade analisadas pelo Ipea, mas também vivenciaram a piora mais acentuada. O aumento foi de quase 6 pontos percentuais entre mais jovens entre o quarto trimestre de 2015 e os três primeiros meses deste ano e de mais de 7 pontos percentuais frente ao primeiro trimestre de 2015.
Entre os brasileiros de 25 a 59 anos, o desemprego no primeiro trimestre foi de 7,91%. A taxa era de 3,29% entre os brasileiros com mais de 59 anos no mesmo período. Para a faixa entre 25 e 59 anos, o aumento do desemprego foi de pouco mais de 1 ponto percentual frente ao quarto trimestre do ano passado e de pouco mais de 2 pontos percentuais na comparação com o primeiro trimestre de 2015. Entre os maiores de 59 anos, o aumento do desemprego foi menos intenso, de 0,77 ponto percentual frente ao quarto trimestre e de 1,17 ponto percentual na comparação com o primeiro trimestre de 2015.
O Ipea ressalta que a proporção de jovens ocupados vem caindo desde 2013, de acordo com a Pnad Contínua, produzida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Após atingir o pico de 44% no terceiro trimestre de 2012, os jovens ocupados eram apenas 37% no primeiro trimestre de 2016. No entanto, diz o Ipea, até 2015 essa queda na ocupação era refletida muito mais no aumento daqueles que apenas estudavam do que em qualquer elevação de desempregados. Os jovens que somente estudavam subiram de 35% em 2012 até 38,2% no último trimestre de 2014, e, desde o início da crise, recuaram novamente até 36,3% no início de 2016.
“Por outro lado, a proporção de jovens desocupados oscilava em torno de 8% até 2015, tendo subido aceleradamente desde então, alcançando 13,2% em 2016. Enquanto isso, a parcela de jovens ‘nem-nem’ [que não trabalham, nem estudam] não mostrou qualquer tendência, tendo oscilado em torno de 13% durante todo o período”, diz a Carta de Conjuntura.
O Ipea explica que no primeiro trimestre deste ano “houve um aumento na probabilidade dos apenas estudantes migrarem para o desemprego, revertendo neste trimestre a trajetória de queda da PEA nessa faixa etária, explicando parte do forte do desemprego no início de 2016”.
Fonte: Revista Valor Econômico