Um grupo de pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa (UFV) está participando de um projeto internacional desenvolvido pela Fundação Leonardo DiCaprio, criada em 1998 pelo ator norte-americano para apoiar projetos em defesa do meio ambiente.
Batizado de "A nova arca de Noé", o projeto do qual os brasileiros participam tem o objetivo de mapear corredores ecológicos em todo o mundo, planejando a sobrevivência na Terra para daqui a 50 anos e salvando espécies, como na passagem bíblica sobre a arca de Noé.
O professor Elpídio Inácio Fernandes Filho, que faz parte do Departamento de Solos UFV e coordena a equipe, formada também por Pedro Christo Brandão, Guilherme Oliveira, Martin Meyer e Felipe Simas, contou que o grupo foi convidado pela Fundação Globaïa, situada na Inglaterra, para, em seis meses, mapear uma possível rede de segurança para a sobrevivência de espécies ameaçadas no planeta. O objetivo é que os caminhos traçados se tornem áreas delimitadas e definidas como de alta prioridade. Caso o projeto se concretize, essas áreas serão recuperadas com vegetação nativa para movimentação de espécies e fluxo gênicos.
Ele explicou também que os corredores ecológicos irão permitir o livre deslocamento de animais, a dispersão de sementes e o aumento da cobertura vegetal entre áreas protegidas à medida que as mudanças climáticas avançam.
“Nosso estudo gira em torno de identificar os possíveis corredores ecológicos, que são como autoestradas da natureza, por onde animais poderão expandir suas espécies e se conectarem com outras. Assim também deve ocorrer com vegetais, estabelecendo conexões e expandindo em escala global”, relatou.
Para o trabalho, os pesquisadores, especialistas em geoprocessamento, buscaram mapas de todas as áreas protegidas conhecidas no planeta e desenvolveram modelos computacionais sofisticados para buscar rotas viáveis entre elas.
O levantamento feito pelos pesquisadores da UFV já foi entregue. Ele vai subsidiar o esforço da Fundação Leonardo DiCaprio para arrecadar mais de 20 milhões de dólares e acelerar iniciativas de conservação e a busca de soluções inovadoras para a crise climática.
O professor Elpídio Fernandes informou que o projeto ainda vai passar por novas fases, cada vez mais complexas e contando com equipes cada vez maiores e de diferentes áreas, como ecologia, biologia, entre outras.
Um dos diretores da Fundação Globaïa, Manno França, foi quem ressaltou a importância da participação de uma universidade brasileira no projeto, tendo em vista a grande diversidade biológica presente no Brasil.
"Apontei a importância de trabalharmos com uma universidade do Brasil devido à posição do país no ranking de diversidade biológica e à necessidade de abordarmos um projeto dessa magnitude a partir de diferentes ângulos. Além de ter grande tradição de pesquisa, a UFV mostrou disponibilidade e capacidade necessárias para lidar com o projeto em um período de tempo tão curto", afirmou França.
Para Manno França, os resultados do trabalho feito pela UFV foram muito bem recebidos pela Fundação Leonardo DiCaprio e por cientistas e organizações envolvidas no projeto. As verbas arrecadadas deverão agora viabilizar a construção das centenas de milhares de corredores definidos pela equipe da UFV.
"Essa é uma questão estratégica que depende de políticas de meio ambiente. Os caminhos já foram construídos", declarou o diretor.
Fonte: G1 Zona da Mata