CENTRO DE CONSERVAÇÃO DOS SANGUIS-DA-TERRA DA UFV PODE SER CRIADO
6 de maio de 2019

Em sua reunião Ordinária da terça-feira (30), a Câmara Municipal recebeu, por intermédio do Requerimento nº 018/2019 de autoria da Vereadora Brenda Santunioni (Progressistas), o Professor do Departamento de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Fabiano de Melo para tratar de assuntos relacionados à criação do Centro de Conservação dos Saguis-da-Serra da UFV.

A vereadora, que também é Vice-Presidente do Conselho Municipal de Conservação e Defesa do Meio Ambiente (CODEMA) justificou o convite pela necessidade de educar a comunidade viçosense sobre as espécies de primatas que aparecem na cidade “o Centro de Conservação está em fase de montagem e, convidei o professor, que trabalha diretamente com a conservação dos primatas como membro da Associação Brasileira de Primatologia, para que juntos possamos pensar em estratégias de educação ambiental para a população. Viçosa ainda não tocou nesse assunto institucionalmente falando e, infelizmente, o ambiente acadêmico nem sempre chega às escolas, periferias e todas as comunidades do Município” disse.

Fabiano explicou que o processo de desmatamento traz um risco de extinção para a espécie dos saguis-da-serra que, segundo ele, é uma das 25 espécies de primatas mais ameaçadas do planeta. “Em Viçosa, encontramos um pequeno grupo da espécie saguis- da-serra-escuro no ano passado, mas que já estava misturado com o que chamamos de saguis híbridos, ou seja, que não tem uma identificação especifica, é uma mistura de gerações de saguis que foram soltos aleatoriamente”, explicou. Em sua pesquisa, o professor concluiu que 80% dos saguis da região são híbridos, o que motivou a criação do projeto Aurita, que visa o estudo e a conservação do sagui-da-serra-escuro, nativo na região de Viçosa.

Segundo Fabiano, o Projeto promove visitas técnicas em escolas, pesquisas de campo, educação ambiental com atividades lúdicas e sensibilização sobre a questão da saúde pública “a febre amarela, por exemplo, é uma questão que pode ser trabalhada em conjunto com o poder público. Muitas pessoas acreditam que os animais trazem a doença, mas a verdade é que eles são vigilantes por não serem vacinados e são os
primeiros a morrerem pela enfermidade, são capazes de contaminar pessoas”, disse. De acordo com o professor, o objetivo do projeto é trabalhar na reprodução em cativeiro para preservar a espécie e, simultaneamente, trabalhar a questão da saúde e educação da população.

O Vereador Idelmino Ronivon (Professor Idelmino) (PcdoB) reforçou a importância da sensibilização da comunidade sobre o assunto “uma intervenção humana que parece simples pode colocar em risco o que a natureza demorou anos para construir. As pessoas precisam estar cientes disso”, afirmou. O vereador ainda perguntou como a Câmara pode auxiliar nesse processo e se as reservas ambientais do Município, como a
Mata do Paraíso, serão utilizadas para adicionar indivíduos e o convidado respondeu que essas áreas de preservação são fundamentais para a proteção da genética.

O Vereador Geraldo Luís Andrade (Geraldão) (PTB) ressaltou a importância da discussão “precisamos tratar de questões menos exploradas no poder público", pontuou.

Já o Vereador Edenilson Oliveira (MDB) questionou sobre o hábito de muitas pessoas de alimentarem esses animais em perímetro urbano, por pensarem que eles não são capazes de encontrar recursos alimentícios, sendo informado pelo professor que as espécies andam muito e conseguem se alimentar em matas próximas de insetos, pequenos animais vertebrados e frutos.

Sobre as formas de auxílio do poder público, Fabiano apresentou a necessidade de apoio financeiro de incentivo à pesquisa, além de auxílio na logística e apoio pessoal.  Por fim agradeceu a oportunidade de mostrar o trabalho realizado “nosso objetivo é trazer conhecimento para a comunidade usufruir e entender a importância de trabalhar com a ciência para a construção de um mundo melhor”, concluiu.

Fonte: CMV.

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