O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, concedeu uma entrevista exclusiva à Rádio Montanhesa na manhã desta segunda-feira (23). Durante o programa "Bom dia, Cidade!", apresentado por Júlio César, ele conversou com José Antônio Valentim sobre o novo coronavírus (COVID-19).
Ele falou sobre o Decreto 47.891, de 20 de março de 2020, que reconhece o estado de calamidade pública no Estado em função da pandemia causada pelo agente coronavírus. A determinação só foi viabilizada após confirmação do decreto de calamidade federal pelo Senado. Com a medida, o governador possui prerrogativa para atuar junto aos municípios.
"Eu estava aguardando e, tão logo foi decretada a calamidade em termos de Brasil, nós decretamos aqui em Minas Gerais. Até então, essas medidas eram tomadas apenas pelos prefeitos, e o que nós estamos fazendo é evitar que as pessoas circulem como sempre circularam porque nós estamos numa situação excepcional. Eu tenho dito que é semelhante a uma guerra, só que em vez de estarmos combatendo um exército inimigo que a gente enxerga, nós estamos combatendo, o que na minha opinião é pior, um vírus invisível", disse Zema.
Também foram abordados o orçamento da saúde e a liberação de recursos financeiros pelo governo federal.
"O governo federal já disponibilizou R$ 5 bilhões para todos os estados.Parte disso, nós já recebemos, ainda vamos receber o restante, mas não é suficiente para a necessidade que nós teremos. Já ajudou muito e, com certeza, deveremos ter outro tipo de auxílio porque nós estamos vivendo uma situação em que a área de saúde vai demandar muito mais gasto do que aquele que ela teria numa situação normal", afirmou o governador.
Um dos pontos levantados durante a entrevista foi a adoção de medidas no sentido de prover às unidades hospitalares de leitos e equipamentos necessários em caso de internação de infectados pelo coronavírus.
"Nós estamos fazendo um levantamento de toda a rede pública do estado e já solicitamos também à rede privada porque temos várias unidades que comportariam mais leitos de Unidade de Tratamento Intensivo, e já estamos providenciando a compra de equipamentos para que possamos ampliar essa quantidade dentro das estruturas já existentes. Isso teria um custo muito baixo e uma agilidade enorme porque já está tudo pronto, basto só chegar e instalar alguns equipamentos. Além disso, nós já estamos aqui com uma força-tarefa levantando vários locais na capital e também no interior, onde nós devemos estar já prevendo e começando talvez essa semana a instalação de hospitais de campanha que ficarão de reserva caso venha a ser necessário fazer uso dessa contingência", revelou Zema.
Por fim, Zema falou sobre o adiamento das eleições municipais programadas para outubro. "Sou favorável, sim, a postergar, se possível, por dois anos, que aí nós vamos simplificar a nossa vida. Existe um fundo eleitoral, se não me engano de R$ 2 ou 3 bilhões de reais, que poderia ser muito mais bem gasto na área de saúde do que propriamente numa campanha eleitoral. Todo o esforço deve ser no sentido dessa guerra contra o coronavírus".