A imagem de um jacaré de papo amarelo, próximo à lagoa da Universidade Federal de Viçosa, é o assunto mais comentado da semana na cidade da Zona da Mata mineira, chamando a atenção para um animal incomum naquela região.
A aparição do réptil se junta à de outros "visitantes" igualmente raros, que têm sido avistados em Viçosa nas últimas semanas, com bastante frequência. Entre eles, estão lobo-guará, bicho-preguiça e, possivelmente, uma jaguatirica.
Fotógrafo amador de pássaros, o estudante Krisley Freitas, que faz mestrado em Informações Espaciais na universidade, é o autor do flagrante do jacaré, postado nas redes sociais do domingo (7), e que serviu para provar que o bicho não era uma "lenda urbana".
"Já tinha ouvido falar do jacaré antes, só que ele ficava mais escondido e poucas pessoas conseguiram vê-lo", registra Freitas, que focava um pássaro no galho de uma árvore caído na lagoa quando presenciou a passagem do animal.
O jacaré teria sido visto pela primeira vez em 2016 e, entre as especulações sobre a sua nova moradia, está a fuga de uma fazenda localizada acima do rio São Bartolomeu, que tem ligação com a lagoa do campus da UFV.
Após o clique de domingo, o fotógrafo foi procurado pela administração da universidade para saber se o material era real. Ele acredita que a UFV não poderá fazer nada em relação ao animal, por ser silvestre e não estar em contato com seres humanos.
Imagens de bicho-preguiça feitas por André Cardoso:
Doutorando em Entomologia, Cardoso estava indo para o laboratório da UFV quando avistou o bicho-preguiça atravessando a rua próxima à mata Recanto das Três Bandeiras. "Parei o carro e comecei a tirar fotos e filmar, junto com um funcionário da universidade".
Estudante da UFV desde 2011, ele já tinha ouvido relatos sobre bichos-preguiça resgatados por bombeiros no campus. Numa situação semelhante, ele já tinha visto um exemplar da espécie na estrada que levava para Viçosa.
A explicação para a aparição desses bichos pode estar no fechamento de comércio, escolas e repartições públicas da cidade, desde março, para evitar a propagação do novo coranavírus.
"Viçosa ficou duas semanas fechada e ninguém circulava na UFV. Sem movimento de pessoas, os bichos que não eram tão comuns de serem vistos se sentiram mais à vontade", analisa Freitas, que chegou a ver uma ave de rapina pousada tranquilamente no asfalto.
Cardoso tem a mesma opinião: "Boa parte desses bichos estava acuada pelo ser humano. Com a cidade mais vazia, eles tiveram liberdade para sair da mata", observa.
Fonte: Hoje em Dia.