Minas Gerais tem novo recorde de mortes por Covid-19 em 24 horas, com 90 registros; agora são quase 1,5 mil óbitos
9 de julho de 2020

Minas Gerais registrou, nesta quinta-feira (9), um novo recorde de mortes por Covid-19 em 24 horas. Noventa novos óbitos foram registrados em relação ao último boletim divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES).

O recorde anterior em Minas era de 73 mortes, número registrado tanto nesta quarta-feira (8) quanto no sábado (4). Agora, o número de pessoas que perderam a vida por causa do coronavírus chega a 1.445.

Ao todo, são 66.864 pessoas diagnosticadas com a doença no estado. Foram 2.829 novos casos em relação à véspera.

Ainda segundo os dados do governo, 43.117 pacientes se recuperaram da doença no estado. Desde o início da pandemia, 7.628 tiveram que ser internados e 59.186 ficaram em isolamento domiciliar.

Em 2020, houve 26.441 internações por síndrome respiratória aguda grave, 928% a mais em relação ao mesmo período de 2019.

Na rede pública, 48.783 pessoas foram testadas.

Casos por município

Dos 853 municípios mineiros, 749 já tiveram ao menos um caso do novo coronavírus. Isso representa quase 88% do total de cidades no estado.

O município com mais casos da doença é Belo Horizonte, com 9.361, com 223 mortes. Em seguida, aparecem Uberlândia (8.380), com 135 mortes, Ipatinga (3.120), Juiz de Fora (2.327) e Governador Valadares (1.752).

Ocupação dos leitos

Nesta quinta-feira (9), a taxa de ocupação dos leitos de UTI está em 68,86%. Na região central do estado, chega a 79,79%. São 3.355 leitos de UTI públicos (quatro a mais que na véspera).

Já a taxa de ocupação dos leitos de enfermaria em Minas está em 68,79%. São 20.432 leitos de enfermaria (148 a mais que na véspera). Na região central, a taxa chega a 85,18%.

Perfil dos pacientes

A maioria dos pacientes que morreram em decorrência do novo coronavírus são homens: 56% do total. E idosos: 75% tem mais de 60 anos. 33% são de cor branca e 31% de cor parda. Além disso, 83% dos óbitos ocorreram em pacientes que já tinham fatores de risco, principalmente hipertensão, diabetes e doença cardiovascular.

Outros fatores de risco registrados foram pneumopatia, doença renal, transtornos mentais, doença neurológica, tabagismo, neoplasia, hipotireoidismo e doença genitourinária.

No início da pandemia, a Secretaria de Estado da Saúde (SES-MG) informava qual era a comorbidade de cada paciente que havia morrido com a Covid-19. Em abril, no entanto, a pasta parou de informar. Questionada, a SES disse que, pela "possibilidade de ocorrência em municípios de pequeno porte", "os pacientes podem ser facilmente identificados, quando descritas características específicas". "Assim sendo, no intuito de mantermos a confidencialidade das informações fornecidas pelos pacientes e/ou familiares, passamos a não mais divulgar o descritivo detalhado de informações por paciente".

O município com mais mortes até agora foi Belo Horizonte, com 223. Em seguida, Uberlândia, no Triângulo Mineiro, com 135 óbitos, Juiz de Fora, na Zona da Mata, com 60, Ipatinga, com 55, e Governador Valadares, com 53.

Conheça a seguir as histórias de alguns desses pacientes que não resistiram ao coronavírus em Minas:

Pai e filha morrem em BH

O primeiro teste de Covid-19 que o aposentado fez deu negativo. Sr. Paulo Roberto morreu no último sábado (13). — Foto: Arquivo pessoal

O primeiro teste de Covid-19 que o aposentado fez deu negativo. Sr. Paulo Roberto morreu no último sábado (13). — Foto: Arquivo pessoal

Paulo Roberto Dias Câmpara tinha 75 anos e era pai de três filhos. Ele falava três idiomas, adorava tocar instrumento de corda e participou de várias apresentações musicais. Para completar a renda da família, trabalhava como vendedor ambulante empurrando um carrinho de picolé pelas ruas do Bairro Santa Cruz, na Região Nordeste de Belo Horizonte.

Fumante, no dia 3 de junho ele deu entrada na UPA Noroeste com quadro de enfizema pulmonar e pneumonia. De acordo com a família, o aposentado chegou a fazer um teste para a COVID-19 mas o primeiro resultado deu negativo. Com a piora do quadro, ele precisou ser levado para o Hospital Odilon Behrens. A filha mais velha, Samira Diniz Câmpara, fez companhia para o pai durante a internação.

No Hospital Odilon Behrens, o quadro de saúde de Paulo Robertou pirou. Um segundo exame feito na unidade de saúde atestou a presença do coronavírus. Mas o aposentado não resistiu. Morreu no sábado, dia 13 de junho, em decorrência de uma parada cardíaca.

Samira tinha 40 anos e trabalhava como cabeleireira. Ela morreu no último dia 17. — Foto: Arquivo pessoal

Samira tinha 40 anos e trabalhava como cabeleireira. Ela morreu no último dia 17. — Foto: Arquivo pessoal

Três dias antes da morte do pai, Samira já estava internada no Hospital Eduardo de Menezes, que é referência no atendimento à pacientes com a Covid-19.

"O quadro dela só piorou, dia após dia, foram oito dias de internação. De uma hora para outra ela ficou muito mal. Assim que fizeram o teste para Covid-19, o resultado foi positivo", disse o cunhado Ítalo de Jesus.

Samira morreu quarta-feira, 17 de junho. Tinha 40 anos e trabalhava como cabeleireira. Era conhecida no bairro pelo talento que tinha para trabalhar com estética e beleza. Deixa um filho de 11 anos: "Ela cuidou do pai e nem se despediu dele", lamenta Ítalo.

Três parentes mortos em uma semana

“Foi muito forte o que aconteceu. Na quinta enterrei meu avô, na terça o meu tio e na quarta a minha tia”, disse ele.

Juarez, avô de Maicon, morreu aos 83 anos — Foto: Arquivo pessoal/Divulgação

Juarez, avô de Maicon, morreu aos 83 anos — Foto: Arquivo pessoal/Divulgação

O avô de Maicon, Juarez, tinha 83 anos e, segundo a família, uma saúde de ferro. “Há 20 dias nós estávamos brigando com meu avô para ele descer de uma árvore”, contou o neto.

O casal de tios, Álvaro, de 58 anos, e Marluce, de 55 anos, eram pastores evangélicos.

O casal Álvaro e Marluce morreu de Covid-19 em Betim — Foto: Arquivo pessoal/Divulgação

O casal Álvaro e Marluce morreu de Covid-19 em Betim — Foto: Arquivo pessoal/Divulgação

“Faziam um trabalho muito forte dentro do bairro Citrolândia que é não só em cuidar das pessoas dentro da igreja, mas sim, muitas das vezes, de levar um alimento, de zelar pelas pessoas. Esse é o legado maior que eles nos deixaram. De amar as pessoas”, disse Maicon.

Morador de rua vítima da Covid-19

“Me ligaram da Santa Casa para me avisar que ele tinha sido internado com Covid-19. A minha ficha não caiu, sabe? Ainda não chorei direito”, disse Valter, irmão mais velho de Adilson.

Os irmãos perderam os pais e os avós muito cedo. “Adilson era brincalhão, inteligente, prestativo, chorão (risos). A vida foi muito ruim com ele. Ele foi para o caminho errado. Sofreu demais, sofreu demais”, lamentou.

Única foto de Adilson Goulart que morreu de Covid-19 aos 38 anos — Foto: Valter Goulart/Arquivo pessoal

Única foto de Adilson Goulart que morreu de Covid-19 aos 38 anos — Foto: Valter Goulart/Arquivo pessoal

Após a morte do irmão, Valter começou uma peregrinação para conseguir sepultar o irmão.

“Ele não tinha documentos. Até eu achar a certidão de nascimento dele demorou muito. Aí o corpo foi levado para o IML. Para liberar eu tinha que identificar. Muito triste ver meu irmão daquele jeito. Sem roupa, envelhecido”, contou.

Quando estava internado, a preocupação de Adilson era o cachorro que vivia com ele. “Os companheiros dele de rua ficaram tomando conta”, disse Valter.

Casal morre com dez dias de diferença

Antônio Borges dos Santos, de 95 anos, e Luiza Francisca Pereira, de 89 anos, costumavam tomar sol juntos na varanda de casa em Rio Manso, cidade com pouco mais de cinco mil habitantes, na Região Central de Minas Gerais.

Antônio e Luiza morreram com dez dias de diferença — Foto: Arquivo pessoal

Antônio e Luiza morreram com dez dias de diferença — Foto: Arquivo pessoal

“Quando minha avó soube da morte do meu avô disse que não ia conseguir viver sem ele. Aí ela piorou muito”, disse Lívia Luiza de Oliveira Borges, neta do casal.

Os dois tiveram 13 filhos, dois deles faleceram. Deixaram 30 netos, 33 bisnetos e cinco tataranetos.

“Estavam sempre juntinhos e abraçados. Não podiam ver que estávamos vigiando que rapidinho paravam de abraçar. Foi bem difícil perder os dois em tão pouco tempo”, disse Lívia.

Primeiras mortes em Minas

A primeira morte em decorrência do coronavírus divulgada em Minas Gerais foi a de Marlene Eunice Vanucci, de 82 anos, moradora de Belo Horizonte. Ela foi internada no Hospital Biocor em Nova Lima em 21 de março, com quadro de febre, tosse e desconforto respiratório, sendo transferida para UTI dois dias depois. Ela morreu no dia 29 de março. A paciente também tinha doença cardiovascular crônica, diabetes mellitus e pneumopatia crônica.

No dia da morte de Marlene, sua nora fez um desabafo emocionado em uma rede social:

"Gostaria imensamente que os governantes fossem mais respeitosos com cada vida ceifada e sufocada pelo coronavírus. Sr. Ministro Mandetta se mantenha técnico e firme, não se deixe abater por ignorância. Mais amor e mais empatia", escreveu ela.

Morte de Marlene foi confirmada pelo médico do Biocor — Foto: Reprodução Redes Sociais

Morte de Marlene foi confirmada pelo médico do Biocor — Foto: Reprodução Redes Sociais

Mais tarde, a Secretaria de Estado da Saúde (SES-MG) divulgou outros óbitos que aconteceram antes do de Marlene Vanucci: de um paciente de 79 anos de Patos de Minas, no dia 28 de março, e de uma freira de 79 anos de Paraisópolis, no mesmo dia (veja abaixo a história dela). No mesmo dia 29 de março, também morreu um paciente de 71 anos de Juiz de Fora.

O segundo morador de Belo Horizonte que morreu com exame positivo para a Covid-19 foi o Darcy Gomes Parreiras, de 66 anos, que estava internado no Hospital Semper e morreu três dias depois de dar entrada, em 30 de março. Ele tinha cardiopatia e diabetes mielitus.

Darcy Gomes Parreiras — Foto: Arquivo pessoal

Darcy Gomes Parreiras — Foto: Arquivo pessoal

Freira fazia caridade

A prefeitura de Paraisópolis, no Sul de Minas, divulgou a morte da freira Jandira Rosa Chagas, de 78 anos, apenas no dia 10 de abril, quando o resultado dos exames saiu. Mas ela morreu no dia 28 de março, tendo sido um dos primeiros óbitos pela Covid-19 confirmados em Minas Gerais.

Irmã Jandira, como era conhecida, realizava trabalhos na Casa da Criança de Paraisópolis. Ela recebeu homenagens da instituição no dia da morte. O perfil oficial do Instituto das Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora de Fátima também homenageou a religiosa quando a morte completou o sétimo dia.

Irmã Jandira, de Paraisópolis (MG), deve morte confirmada por coronavírus pela prefeitura — Foto: Divulgação/Casa da Criança

Irmã Jandira, de Paraisópolis (MG), deve morte confirmada por coronavírus pela prefeitura — Foto: Divulgação/Casa da Criança

Detento morre na prisão

A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) e o Departamento Penitenciário de Minas Gerais (Depen-MG) confirmaram, no dia 30 de junho, a morte de um detento do Ceresp Gameleira, Região Oeste de Belo Horizonte. Ele cumpria prisão temporária, tinha 77 anos e não possuía comorbidades.

Ceresp Gameleira, em Belo Horizonte — Foto: Reprodução / TV Globo

Ceresp Gameleira, em Belo Horizonte — Foto: Reprodução / TV Globo

Em nota, informaram que Pedro Vitoriano de Souza, custodiado da unidade, havia sido preso no dia 9 de junho e, dez dias depois, apresentou quadro de coriza e tosse seca. Ele estava em uma das 30 unidades do sistema prisional criadas como porta de entrada, com a função de triagem de presos recém-admitidos do extramuros, para cumprimento de quarentena, antes do encaminhamento para os demais presídios.

Com sintomas gripais e atendido pela área de saúde da unidade, Pedro foi isolado e acompanhado por quatro dias quando, com a piora no quadro, foi encaminhado para a Upa Oeste, no dia 24, onde foi colhido exame PCR. No dia seguinte, o detento foi encaminhado para o Hospital Júlia Kubischek, onde morreu no dia 28 de junho, com causa confirmada para a Covid-19.

Mortes que demoram a ser confirmadas

Gilberto Loiola tinha 74 anos, era morador de Poços de Caldas, no Sul de Minas e morreu com coronavírus no dia 13 de abril, mas a morte só foi confirmada pela Secretária Estadual de Saúde (SES) após 26 dias. A família afirma que na certidão de óbito, até o dia 21 de maio, ainda constava insuficiência respiratória grave como causa da morte.

Gilberto Loiola e Carina Loiola.  — Foto: Arquivo pessoal

Gilberto Loiola e Carina Loiola. — Foto: Arquivo pessoal

O senhor Gilberto gostava de viajar e sua última viagem foi um cruzeiro até o Caribe, com a sua esposa e com os sogros da filha Carina Loiola, no começo março. Naquela época, a família acreditava que a doença estava longe, como afirma a filha dele, que, além do pai, também perdeu o sogro com a Covid-19.

"Nós acreditávamos na doença, mas como os números ainda eram baixos no Brasil, principalmente na nossa região, a gente achava que estava longe".

O casal chegou de viagem no dia 15 de março e no dia 18, Gilberto começou a sentir alguns sintomas leves, como febre baixa e foi para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Poços de Caldas, mas os médicos falaram para voltar para casa.

Carina também perdeu o sogro, Nilton Augusto Flores, para a doença. Ele viajou no mesmo cruzeiro que o Gilberto e foi internado no dia 27 de março.

"Nós sabíamos do coronavírus, mas quando eles foram viajar, ainda não tinha muitos casos da doença no Brasil e o local para onde eles iriam não tinha nada. A operadora do cruzeiro prometeu que iria haver fiscalização. Então ficamos mais seguros", relatou Carina.

Nilton Augusto Flores também morava em poços de Caldas.  — Foto: Arquivo pessoal

Nilton Augusto Flores também morava em poços de Caldas. — Foto: Arquivo pessoal

Pacientes sem nenhuma comorbidade

O quinto paciente a morrer em Minas foi um homem de 44 anos, morador de Mariana, que veio a óbito em hospital na própria cidade, no dia 30 de março. Ele não tinha nenhuma comorbidade. Esta morte em Mariana havia sido confirmada na manhã do dia 1º de abril.

Outro paciente que não tinha qualquer comorbidade ou doença prévia era um morador de 72 anos da cidade de Ouro Fino, no Sul de Minas. Ele teve início de sintomas, com febre, no dia 21 de março. Foi internado no dia 24 e morreu no dia 31 de março. O exame confirmando que ele estava com a Covid-19 saiu neste domingo, 5 de abril.

Segundo a assessoria da Prefeitura de Ouro Fino, João Batista Bueno filho morava na zona rural e apresentou os sintomas após uma viagem de cruzeiro no Ceará, onde estava com a esposa.

Prefeitura de Ouro Fino confirma que homem de 72 anos morreu por Covid-19 — Foto: Reprodução EPTV

Prefeitura de Ouro Fino confirma que homem de 72 anos morreu por Covid-19 — Foto: Reprodução EPTV

O pedreiro José de Oliveira Souza, de 55 anos, também tinha a saúde perfeita, segundo a irmã, Marta Souza Moreira. Ele morava em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e morreu no dia 30 de maio, deixando quatro filhos.

Marta disse que o irmão nunca teve problemas de saúde. Segundo ela, José partiu no melhor momento da vida. Tinha conquistado o sonho da casa própria há dois meses e estava aprendendo a dirigir.

Pedreiro José de Oliveira Souza morreu de Covid-19 — Foto: Arquico pessoal/Divulgação

Pedreiro José de Oliveira Souza morreu de Covid-19 — Foto: Arquico pessoal/Divulgação

“Ele era tão bom que até o defeito dele se torna saudade”, emociona-se a irmã.

Dizia que doença era 'coisa da mídia'

Outro paciente que não tinha nenhuma doença prévia era Cláudio Manoel Ricardo, de 69 anos, morador de Montes Claros. Segundo o filho do idoso, Claudinei dos Santos Ricardo, em entrevista ao G1 no dia 2 de março, o pai viajou antes do período de Carnaval para rever a família e retornou no dia 16 de março.

“Infelizmente, meu pai não levou isso a sério, ele dizia que era coisa da mídia. Quando resolveu viajar, eu o alertei para não ir e mesmo sabendo dos riscos, ele foi porque não acreditava na doença. Meu pai era 100% saudável, não tinha problema de saúde e tinha feito um check-up recentemente”, afirmou o filho do paciente.

Na madrugada do dia 17, Cláudio Ricardo começou a sentir os primeiros sintomas da doença. O idoso foi internado no hospital Aroldo Tourinho no dia 27 de março e entubado dois dias depois. Ele morreu no dia 1º de abril. Sua família está em isolamento e sendo monitorada.

Cláudio Manoel Ricardo estava internado no Hospital Aroldo Tourinho — Foto: Arquivo pessoal

Cláudio Manoel Ricardo estava internado no Hospital Aroldo Tourinho — Foto: Arquivo pessoal

Acreditava na doença e se cuidava

Joaquim da Ponte, de 75 anos, morava na zona rural de Espinosa (MG) e faleceu com coronavírus no dia 17 de maio. Segundo seu filho, Luis Paulo Ponte, ele se cuidava muito bem contra a doença:

"Ele acreditava na doença por tudo que via na televisão, praticamente não saía, usava máscara e não recebia visitas", conta o filho.

Joaquim tinha 75 anos e morava na zona rural de Espinosa — Foto: Luís Paulo Ponte / Arquivo Pessoal

Joaquim tinha 75 anos e morava na zona rural de Espinosa — Foto: Luís Paulo Ponte / Arquivo Pessoal

Joaquim foi internado em maio em Espinosa, com diagnóstico de infecção urinária grave e sem suspeita de Covid-19. Inicialmente, ele se queixava de fraqueza. Luis e a irmã se revezam como acompanhantes no hospital.

Como houve piora do quadro, o pai deles foi transferido para uma unidade de saúde em Janaúba (MG).

“Ele pediu para que eu ligasse para minha mãe e falou com ela que ia, mas voltava logo”, fala o filho.

Como já estava com o pai em Espinosa, Luis foi junto para o segundo hospital e permaneceu no mesmo quarto que ele. “Morreu nos braços”, emociona-se ao lembrar.

Durante a internação Joaquim teve febre e precisou de oxigênio para respirar. Ele tinha asma e bronquite desde 1993.

Logo após o falecimento, o filho foi informado que o pai tinha testado positivo para coronavírus, por meio de um teste rápido. Por se tratar de óbito, foi feita uma investigação e a confirmação da Covid-19 foi divulgada em junho pela prefeitura.

Os familiares ficaram isolados e não foram submetidos a exames por não apresentarem sintomas. Joaquim deixa 20 filhos, 40 netos e cinco bisnetos.

Profissionais da saúde

Uma profissional de enfermagem de 53 anos que atuava no Hospital Alberto Cavalcanti, de Belo Horizonte, e também na Unidade de Pronto Atendimento Ressaca, em Contagem, na Região Metropolitana, morreu no dia 20 de abril. Ela estava internada no Hospital Municipal de Contagem, após contrair o coronavírus. A informação foi confirmada pela Prefeitura da cidade no dia 20, mas o óbito só entrou no balanço oficial do governo no dia 25 de abril.

Técnica de enfermagem foi a primeira vítima da Covid-19, em Contagem

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Técnica de enfermagem foi a primeira vítima da Covid-19, em Contagem

A servidora Maria Aparecida Andrade tinha 53 anos e apresentou teste positivo para a Covid-19 no dia 8 de abril, com determinação de afastamento de sete dias de suas atividades profissionais. O exame e o atestado médico foram feitos em Belo Horizonte. Em 13 de abril, cinco dias após ser afastada, ela procurou atendimento na UPA Ressaca e foi transferida para o Hospital Municipal de Contagem.

Pela idade, Maria Aparecida não era considerada do grupo de risco. Mas tinha doença cardíaca. E, por isso, poderia ter pedido o afastamento do trabalho. Mas nunca fez essa opção. E, como os colegas não sabiam da doença, ninguém a aconselhou a ficar em casa.

Cida, como era carinhosamente chamada, era uma apaixonada pela profissão.

“Aqui a gente passa 12 horas, às vezes até mais que com os nossos familiares. Nos consideramos uma família. Então, nós perdemos uma integrante da nossa família. E esse buraco vai ficar, não vai ter jeito de cobrir”, lamentou a amiga Kelly Ribeiro Alves, enfermeira que trabalhava com Cida.

Ela contou que todos os colegas ficaram muito assustados com a morte de Maria Aparecida, por estarem todos "na linha de frente" do enfrentamento ao coronavírus.

Já o médico pediatra Ramon Pinto Lobo, de 69 anos, morreu no dia 6 de maio, no Biocor, em Nova Lima. Ele era morador de Jequitinhonha.

Médico pediatra de Jequitinhonha morreu por Covid-19 no Hospital Biocor, em Nova Lima — Foto: Reprodução/Redes Sociais

Médico pediatra de Jequitinhonha morreu por Covid-19 no Hospital Biocor, em Nova Lima — Foto: Reprodução/Redes Sociais

De acordo com o enfermeiro e coordenador da Vigilância em Saúde de Jequitinhonha, ele tinha diabetes, hipertensão e doença cardiovascular crônica.

Além de ter uma clínica particular, Ramon Pinto Lobo era médico de uma unidade de saúde de Jequitinhonha, onde trabalhou até o dia 17 de abril, e plantonista do Hospital São Miguel. Seu último plantão foi no dia 13 de abril.

A técnica de enfermagem Marilene do Prado Tavares, de 47 anos, morreu de coronavírus em Varginha. — Foto: Reprodução / EPTV

A técnica de enfermagem Marilene do Prado Tavares, de 47 anos, morreu de coronavírus em Varginha. — Foto: Reprodução / EPTV

Marilene trabalhava há 25 anos no setor de oncologia do Hospital Bom Pastor e estava internada no CTI desde o dia 20 de abril. A morte da profissional de saúde foi constatada às 8h de 18 de maio.

A Prefeitura de Varginha emitiu uma nota de pesar pela morte da servidora:

"Lamentamos muito ao comunicarmos o passamento da Técnica em Enfermagem Marilene do Prado Tavares, 47 anos, às 08 horas da manhã do dia de hoje, a qual trabalhou 25 anos na sua função no HBP, destacando-se pelo seu compromisso, simpatia e carinho com todos. Nossas efusivas homenagens há esta dileta servidora, é nossos sentimentos a seus familiares. Que Deus os conforte", diz a nota.

No mesmo dia da morte, familiares, colegas e amigos da técnica de enfermagem fizeram um cortejo em homenagem à vida e profissionalismo da servidora da saúde. Sob aplausos dos colegas, o corpo deixou o hospital para ser sepultado.

Outra técnica de enfermagem que morreu foi a Maria Elza Oliveira Andrade, que trabalhava havia mais de 35 anos na Santa Casa de Capitão Enéas e veio a óbito no dia 1º de junho.

Técnica de enfermagem morreu aos 55 anos — Foto: Arquivo pessoal

Técnica de enfermagem morreu aos 55 anos — Foto: Arquivo pessoal

Bila, como era popularmente conhecida na cidade com pouco mais de 14 mil habitantes, amava a profissão e estava sempre pronta para servir o próximo, conforme relato dos colegas.

“Ela era caridosa, brincalhona e muito alegre. Uma profissional exemplar que morreu fazendo o que amava. Todos gostavam dela no hospital, foi uma grande perda para o município”, disse o ex-diretor da unidade, Gilson Farias dos Santos, que trabalhou durante três anos com a técnica.

“Estou aqui para servir, fiz um juramento e vou cumprir”. Essas foram as palavras ditas pela técnica de enfermagem ao ser orientada para se afastar nesse período da pandemia porque era hipertensa e estava no grupo de risco.

“Falei várias vezes que a doença era perigosa, mas Bila queria continuar cuidando dos pacientes. Ela deixou um vazio enorme no hospital, era nosso ponto de referência aqui. Uma pessoa amável e carinhosa com todos”, contou Joilma Veloso e Silva, funcionária do setor administrativo há 30 anos.

Ela estava internada desde o dia 22 de maio em um hospital de Montes Claros. O corpo da profissional foi enterrado de Capitão Enéas na manhã desta terça-feira (2). Moradores se reuniram na entrada da cidade para acompanhar o cortejo até o cemitério e prestar a última homenagem. Ela era casada e tinha três filhos adultos.

Amigos fizeram uma carreata na entrada da cidade para se despedirem da técnica de enfermagem — Foto: Arquivo pessoal

Amigos fizeram uma carreata na entrada da cidade para se despedirem da técnica de enfermagem — Foto: Arquivo pessoal

Jair Quirino de Oliveira é uma das vítimas da Covid-19 em Minas Gerais — Foto: Arquivo pessoal

Jair Quirino de Oliveira é uma das vítimas da Covid-19 em Minas Gerais — Foto: Arquivo pessoal

Formado em patologia clínica, Jair trabalhou 45 anos em farmácias da cidade na Região Centro-Oeste de Minas Gerais, com pouco mais de 13 mil habitantes.

“Ele começou a ter a febre dia 12 de abril, e ele achou que era simplesmente uma sinusite. Por ele confiar demais em si mesmo, ele não procurou um médico e começou a tomar medicamento por conta própria”, disse Geisiane Costa Quirino Oliveira que perdeu o pai para a Covid-19 duas semanas depois.

Após os sintomas terem piorado, Jair foi internado no dia 19 de abril. Dois dias depois, ele foi transferido para o Hospital Eduardo de Menezes, em Belo Horizonte. Jair morreu no dia 26 de abril.

“Ele amava comentar, discutir futebol, política. Gostava de contar piada, era uma pessoa muito conhecida em Martinho Campos. Todo mundo gostava muito dele, sempre procurava ele”, disse a mulher de Jair, Giselma Quirino Oliveira.

Pacientes mais jovens

Duas crianças já morreram por causa do novo coronavírus em Minas. A mais jovem, até o dia 3 de julho, foi uma criança de apenas 4 anos, de Diamantina. Ela morreu no dia 30 de junho.

Em Ribeirão das Neves, morreu no dia 22 de junho uma criança de apenas 8 anos.

Depois dela, a vítima mais jovem foi uma adolescente moradora de Betim, também na região metropolitana. Ela tinha 14 anos de idade e estava internada em um hospital de São Paulo, à espera de um transplante cardíaco. Morreu no dia 3 de maio.

Até o dia 3 de julho, 12 pacientes com até 25 anos já tinham morrido por causa da doença, em Minas Gerais. Se considerarmos os pacientes com até 35 anos, a Covid-19 fez 32 vítimas fatais até 3 de julho.

Um dos mais jovens, com 23 anos, era morador de Betim e não tinha nenhuma doença prévia ou comorbidade.

Matheus Augusto Lobo, de 23 anos, não tinha doença prévia e morreu com coronavírus  — Foto: Erberte Lobo/Arquivo pessoal

Matheus Augusto Lobo, de 23 anos, não tinha doença prévia e morreu com coronavírus — Foto: Erberte Lobo/Arquivo pessoal

Matheus Augusto Cerqueira Lobo, de 23 anos, morreu no dia 19 de maio e teve o corpo cremado no dia seguinte.

“Ele segurou minha mão e pediu pra não deixar ele morrer”, contou Erberte Lobo, de 62 anos, pai de Matheus, sobre o dia da internação.

O jovem foi levado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Teresópolis, na semana passada. De lá, foi transferido para o Hospital Regional de Betim, onde morreu dias depois.

Matheus gostava de passar o tempo com a família e trabalhava como autônomo, comprando e revendendo carros.

Matheus Augusto Lobo e o pai Erberte Lobo  — Foto: Erberte Lobo/Arquivo pessoal

Matheus Augusto Lobo e o pai Erberte Lobo — Foto: Erberte Lobo/Arquivo pessoal

Um dos pacientes mais jovens a morrer foi um morador de São Tomás de Aquino, no Sul de Minas, com apenas 34 anos. Ele tinha hipertensão.

O fisioterapeuta Wesley Soares, de 34 anos, morreu com Covid-19 em Franca, SP — Foto: Reprodução/EPTV

O fisioterapeuta Wesley Soares, de 34 anos, morreu com Covid-19 em Franca, SP — Foto: Reprodução/EPTV

A Prefeitura de São Tomás de Aquino (MG) confirmou a morte do fisioterapeuta da rede de saúde municipal Wesley Leite Soares de Oliveira na noite de 12 de abril. Ele estava internado em Franca, interior de São Paulo.

A irmã de Wesley Soares fez um relato emocionado no dia 14 de abril. Ao falar da evolução da doença, Daiane Mendes disse que a angústia maior da família é por não ter tido tempo suficiente para a despedida.

“O que mais dói é não poder se despedir. Não pode ter um velório, o enterro durou 10, 15 minutos. Coisa muito rápida mesmo. Foi muito difícil.”

Wesley trabalhava como concursado da Prefeitura de São Tomás de Aquino e mantinha uma clínica de fisioterapia. Segundo Daiane, ele começou a se sentir mal no dia 2 de abril, quando apresentou sintomas de resfriado, tosse e falta de ar.

Ele recebeu o primeiro atendimento na cidade mineira, onde um raio-X apontou leve alteração no pulmão. De acordo com Daiane, o irmão foi encaminhado para Franca, onde fez o teste rápido no dia 9, mas deu negativo para Covid-19.

Apesar disso, o quadro de saúde não apresentou melhora, e o pai, que mora em Franca, decidiu levar Wesley ao pronto-socorro para um novo atendimento.

“Chegando no pronto-socorro, já colocaram ele no oxigênio e já pediram vaga no Hospital do Coração. Levaram ele para lá. Uma vez por dia, a equipe atualizava. Às 13h, eles ligavam pra minha cunhada ou para o meu pai”, diz Daiane.

No entanto, o quadro de saúde piorou e o fisioterapeuta morreu na noite de domingo (12). A irmã diz que o rapaz chegou a receber cloroquina durante o tratamento após ter sido diagnosticado.

Daiane afirma que Wesley amava o trabalho e tinha um cuidado especial com os pacientes idosos. Para ela, a melhor prevenção para evitar que mais famílias percam seus entes queridos para a doença é o distanciamento social.

“Nas ruas, as pessoas andam sem nenhuma precaução. Eu acho que o povo tinha que se conscientizar mais. Até eu mesma, antes de acontecer na minha família, não levava muito a sério. A gente só acredita quando atinge a família da gente. Eu não desejo que isso aconteça com ninguém. Espero que todos se cuidem para que não aconteça nas famílias. É doído. Não tem explicação.”

Pacientes mais idosos

Até o dia 1º de julho, havia 14 pacientes vítimas da Covid-19 com 95 a 102 anos de idade.

Um dos mais idosos era o Joaquim de Paula Reis, de 95 anos, morador de Belo Vale. Ele era agricultor e não teve filhos.

Ana Maria, que trabalha no asilo onde ele viveu seus últimos meses de vida, conta que ele era tranquilo, brincalhão e fazia todo mundo dar muita risada.

Ana Maria conviveu com Joaquim no asilo onde viveu seus últimos meses. — Foto: Arquivo pessoal

Ana Maria conviveu com Joaquim no asilo onde viveu seus últimos meses. — Foto: Arquivo pessoal

As fotos de Joaquim mostram ele sempre com o sorriso no rosto.

Joaquim de Paula Reis morreu com a Covid-19 aos 95 anos. — Foto: Arquivo pessoal

Joaquim de Paula Reis morreu com a Covid-19 aos 95 anos. — Foto: Arquivo pessoal

Ele morreu no dia 20 de abril e tinha doenças prévias, não informadas pela Secretaria de Estado da Saúde.

Com 92 anos, Isabel Delfina Ferreira morreu na cidade da região metropolitana Mário Campos, deixando seis filhos, 17 netos, 21 bisnetos e um tataraneto.

Isabel Delfina Ferreira morreu de Covid-19 aos 92 anos — Foto: Arquivo pessoal

Isabel Delfina Ferreira morreu de Covid-19 aos 92 anos — Foto: Arquivo pessoal

Ela é lembrada com carinho por sua neta Aldaiam Martins, que ainda fala dela no presente: “Ela faz a melhor broa de arroz do mundo”.

Isabel morreu no da 27 de abril.

“De repente ela ficou mais quieta, tossindo mais. Ela sempre tossia, sabe? Alérgica. Mas aí foi ficando fraca. Um dia ela só ficou deitada e levei para o médico. Não teve febre e nem falta de ar. Foi diagnosticada com pneumonia e depois voltou para a casa. Dias depois ela piorou. Aí foi internada no hospital de Betim e aí não voltou mais para casa”, disse Aldaiam.

Não teve velório e o sepultamento foi rápido.

Contaminada em viagem de visita

Terezinha Leite Vieira tinha 72 anos e faleceu de Covid-19, em Bocaiuva — Foto: Arquivo pessoal

Terezinha Leite Vieira tinha 72 anos e faleceu de Covid-19, em Bocaiuva — Foto: Arquivo pessoal

Terezinha Leite Vieira, de 72 anos, morreu de Covid-19 em Bocaiuva no dia 16 de maio. A aposentada morava em Belo Horizonte há mais de 40 anos, mas visitava familiares no Norte de Minas.

“Ela era muito alegre, tinha um coração bom e gostava de ajudar as pessoas”, diz a professora Polinne Brandão, sobrinha de Terezinha.

Ao longo de todos esses anos, ela sempre passeava na região e trazia muito carinho na bagagem. Como relembra a sobrinha que guarda no coração as lembranças da Tia Tê.

“Tia Tê tinha uma voz marcante e sempre vou lembrar de quando ela chegava pedindo um abraço e beijava minha testa. Quando éramos crianças, ela já vinha trazendo uma lembrancinha”.

Nessa última visita, Polinne não teve tempo de encontrar com a tia. Ela já chegou direto na casa de um irmão e depois deu entrada no hospital da cidade com sintomas da doença, onde faleceu no dia 16 de maio.

“Ninguém da minha casa teve contato. Quando descobrimos que ela estava aqui, já tinha dado entrada no hospital e não podia receber visitas. Uma amiga minha que trabalha lá me contou que antes de morrer, Tia Tê lamentou a vinda para a região”.

Não sabe como se contaminou

No dia 16 de abril, morreu uma idosa de 75 anos da cidade de Varzelândia. De acordo com a Prefeitura de Varzelândia, a paciente fazia tratamento oncológico em São Paulo e retornou para o município duas semanas antes. Ela morreu no Hospital Municipal Senhora Santana, em Brasília de Minas.

Segundo a secretária municipal de Saúde, Célia de Fátima Fialho Dias, a paciente apresentou febre e falta de ar assim que chegou de São Paulo, e recebeu o primeiro atendimento no Hospital de São João da Ponte.

"Segundo os familiares, ela fazia tratamento em São Paulo há um ano e os médicos orientaram o retorno porque o câncer já estava muito avançado e a idosa estava bastante debilitada", disse a secretária.

A sobrinha da idosa, a enfermeira Gircelia Ferreira, contou ao G1 que a família não sabe como ela se contaminou.

“O médico de São Paulo indicou que a minha tia retornasse para casa e em junho, ela voltaria para fazer o acompanhamento. Não sabemos como ela se contaminou”, disse.

Segundo Gircelia, a tia acreditava na doença, ficou isolamento quando chegou de São Paulo e só teve contato com familiares.

“Foi uma surpresa quando saiu o resultado positivo. Ficamos muito assustados e foi um baque para toda a família, principalmente para o marido dela, que ficou muito abalado”.

A enfermeira acompanhou a tia nos hospitais e está em isolamento domiciliar com os dois filhos, de 12 e 15 anos. Nenhum deles apresentou sintomas, mas ela relata que tem medo da doença e teme principalmente pela saúde dos filhos.

“Não é só idoso que pode ter complicação, todas as pessoas precisam se proteger. Meus filhos não saem de casa e quando eu voltar a trabalhar, eles vão permanecer em isolamento. Quem puder, deve ficar em casa e se houver necessidade de sair, que faça isso com cautela. Os municípios também deveriam monitorar o cumprimento das medidas de prevenção nas ruas”, alerta.

Gircelia está em isolamento com os filhos; quarentena termina nessa quinta-feira (30) — Foto: Arquivo pessoal

Gircelia está em isolamento com os filhos; quarentena termina nessa quinta-feira (30) — Foto: Arquivo pessoal

Ela reforça: “Muitas pessoas não querem acreditar na doença e só vão levar a sério quando perderem alguém, mas já vai ser tarde”.

Fã de pagode

Hermes de Paula da Silva morreu de Covid-19 aos 48 anos — Foto: Arquivo pessoal

Hermes de Paula da Silva morreu de Covid-19 aos 48 anos — Foto: Arquivo pessoal

“No dia 10 (maio) ele já estava passando mal. Ele me procurou, mas a gente não se encontrou. Foi logo chamando o Samu. Chegou no hospital, entubaram ele. É muito triste como é que uma pessoa estava aqui ontem e no outro dia já não existe mais”, disse Márcia Ramos, ex-namorada e amiga.

Hermes era diabético. "Grupo de risco, né? A gente era muito próximo, batia papo e tomava uma. Eu não consigo acreditar no que aconteceu”, falou a amiga.

“Amava pagode, principalmente o Zeca Pagodinho. Uma vez ele fez um aniversário que só tocava isso. Disse que foi o melhor da vida dele”, contou Márcia.

Professora e diretora de escola

Uma professora e diretora de escola municipal de Botelhos, no Sul de Minas, morreu no dia 6 de maio. Eliane Rodrigues, de 50 anos, ficou internada na Unidade de Terapia Intensiva de um hospital em Poços de Caldas (MG) por 10 dias, mas não resistiu.

Morte da professora Elaine Rodrigues por Covid-19 fez prefeitura decretar luto oficial em Botelhos (MG) — Foto: Divulgação/Redes sociais

Morte da professora Elaine Rodrigues por Covid-19 fez prefeitura decretar luto oficial em Botelhos (MG) — Foto: Divulgação/Redes sociais

O prefeito Eduardo Oliveira publicou um vídeo nas redes sociais lamentando a morte.

"Com muita tristeza no coração que recebemos hoje de manhã a notícia do falecimento da nossa colega de trabalho, professora, diretora, minha amiga Eliane Rodrigues, que infelizmente nesta manhã ela não suportou e foi mais uma vítima dessa Covid".

O prefeito enviou solidariedade à família, decretou luto oficial de três dias na cidade e reforçou a necessidade de se manter os cuidados contra a transmissão do coronavírus na cidade. "Tudo o que a gente tem feito é para amenizar a doença".

Fonte: G1.

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