Risco de infarto pode aumentar 30% durante o inverno; veja como se prevenir
13 de julho de 2020

Com a chegada do inverno, a preocupação com doenças virais e respiratórias cresce e, especialmente durante a pandemia do coronavírus, a negligência da população com a prevenção pode encobrir condições cardíacas, como o infarto. De acordo com o Instituto Nacional de Cardiologia (INC), a estação aumenta em 30% o número de infartos no país. Em 2019, Juiz de Fora registrou 53 mortes pela condição entre junho e setembro.

Já durante o mesmo durante, no ano de 2018, 68 pessoas foram a óbito depois de sofrerem ataques cardíacos. Saiba como se cuidar e prevenir estas condições.

Baixas temperaturas

Em 2020, segundo o climatologista Ruibran dos Reis, o inverno será mais frio e úmido que em anos anteriores, apresentando temperaturas ligeiramente abaixo da média na Zona da Mata e no Campo das Vertentes.

Segundo a cardiologista Elizabeth Vital, as baixas temperaturas contribuem para a contração dos vasos da superfície do corpo, podendo provocar sobrecarga no sistema circulatório e aumentar os riscos de infarto.

"As doenças respiratórias também contribuem para este acréscimo de carga no coração", acrescentou.

Grupos de risco

Vital explica que as pessoas mais propensas a sofrerem um ataque cardíaco são os portadores de diabetes, hipertensão arterial e colesterol alto, além dos tabagistas e sedentários.

Já as pessoas que têm histórico familiar de cardiopatias também precisam ficar atentos aos sinais.

Cardiologista Elizabeth Vital explica a ocorrência de infartos no inverno — Foto: Elizabeth Vital/Arquivo pessoal

Cardiologista Elizabeth Vital explica a ocorrência de infartos no inverno — Foto: Elizabeth Vital/Arquivo pessoal

"O infarto é uma doença comumente associado a pessoas idosas. No entanto, as ocorrências entre os jovens adultos na faixa etária dos 20 aos 39 anos, vêm aumentando consideravelmente", detalhou. De acordo com o Ministério da Saúde, o aumento de ocorrências do tipo em jovens-adultos foi de 13% entre 2013 e 2019.

Em Juiz de Fora, conforme dados divulgados pela Prefeitura, dos 68 óbitos por infarto em 2018, 60 foram de pessoas com idade acima dos 55 anos.

Confira na tabela a seguir os dados de acordo com gênero e faixa etária.

Número de óbitos por infarto em 2018

Faixa etária Masculino Feminino Total
25-34 1 0 1
35-44 2 0 2
45-54 4 1 5
55-64 10 5 15
65-74 10 4 14
75+ 14 17 31
Total 41 27 68

Já em 2019, não foram registrados óbitos de pessoas com idade entre 35 e 44 anos. Das 53 mortes, 48 foram de indivíduos com idade acima do 55 anos.

Número de óbitos por infarto em 2019

Faixa etária Masculino Feminino Total
25-34 1 0 1
45-54 3 1 4
55-64 10 5 15
65-74 10 6 16
75+ 9 8 17
Total 33 20 53

Sintomas e orientações

Os principais sintomas de um infarto são dor forte no peito, com duração de 15 a 20 minutos, e com irradiação para os braços, estômago e mandíbula. Suor frio, náuseas, vômitos e sensação de aflição ou ansiedade também podem ser sinais da condição.

Diante deste quadro, é necessário o contato com o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), pelo número 192, ou com o Corpo de Bombeiros através do 193.

Elizabeth Vital reforça que, caso haja demora de mais de 20 minutos por parte das equipes de salvamento, o paciente deve procurar o serviço de emergência do hospital mais próximo.

"O tempo entre o início dos sintomas e o atendimento especializado deve ser o mais curto possível para que o tratamento seja iniciado o mais breve possível", explicou a cardiologista.

Como se cuidar?

Durante o inverno, se manter agasalhado e protegido do frio é fundamental para evitar uma ocorrência de infarto.

Além disso, uma dieta adequada e o combate ao sedentarismo e ao tabagismo contribuem para a prevenção de ataques cardíacos, além de evitar estresse. Também é preciso utilizar corretamento os medicamentos de uso contínuo.

"[Também é importante] não deixar de consultar o seu médico, porque é muito importante manter a pressão arterial e os níveis de glicose e de colesterol controlados", completou Vital.

Infarto em tempos de Covid-19

"Sem dúvida alguma", respondeu Elizabeth Vital, quando perguntada sobre a pandemia influenciar nos casos de infarto.

Além da situação atual ser preocupante e causar estresse, a cardiologista explica que as medidas de isolamento social estão dificultando as consultas e diagnósticos.

"Em virtude do receio de serem contaminadas pelo coronavírus, as pessoas têm retardado a ida aos setores de emergência dos hospitais e também reduzindo as consultas de controle, favorecendo os óbitos domiciliares. Estima-se que mais ou menos 50% dos pacientes deixaram de fazer o acompanhamento médico", finalizou.

G1 entrou em contato com a Prefeitura de Juiz de Fora para mais informações sobre o preparo da rede pública para lidar com casos de infarto durante a pandemia. No entanto, até a última atualização desta reportagem, não houve retorno.

Fonte: G1.

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