Equipe de pesquisadores da UFV contribui para desenvolvimento de urnas ecológicas
18 de agosto de 2020

A poluição ambiental proveniente dos cemitérios é um fator preocupante, com risco de contaminação de solos e lençóis freáticos, além dos perigos à saúde pública devido à potencial infestação no entorno dos cemitérios convencionais por agentes patológicos, disseminados por pragas urbanas. Mas uma parceria firmada entre a UFV e a BiosBrasil Participações SA, para a adaptação e desenvolvimento de biournas ecológicas, pode mudar essa realidade. Tal iniciativa também contribuirá para amenizar o luto diante da morte de um familiar, viabilizando uma nova concepção de cemitérios parques, desenvolvida pela empresa de forma inovadora e pioneira no mundo.

A biourna consiste em uma urna ecológica, em que as cinzas, provenientes da cremação humana e de animais, são usadas para o cultivo de plantas ornamentais. Essa inovação foi patenteada primeiramente na Espanha e a BiosBrasil adquiriu o direito de utilizar o modelo desenvolvido com exclusividade no Brasil. No entanto, a empresa encontrou um problema: a biourna precisava ser reformulada para atender ao modelo de negócio a ser adotado pela empresa brasileira, devendo ser adaptada para o cultivo de espécies arbóreas em cemitérios parque. No caso da BiosBrasil, o empreendimento inédito em todo o mundo foi denominado BioParque®.

Para solucionar a questão, ou seja, adaptar o sistema e possibilitar o desenvolvimento do vegetal em elevada concentração de cinzas, a empresa entrou em contato com o professor Leonardo Duarte Pimentel, do Departamento de Agronomia, por sua reconhecida experiência nas áreas de nutrição mineral de plantas, fisiologia e produção comercial de mudas. Os trabalhos de consultoria e parceria de cooperação técnica com a BiosBrasil começaram em agosto de 2017, com três contratos/convênios, coordenados na UFV pelo professor Leonardo, com intermediação da Fundação Arthur Bernardes (Funarbe). Resumidamente, a parceria tem como objetivo desenvolver um sistema de adaptação do vegetal à biourna, bem como definir o plano de manejo das espécies florestais no campo.

Segundo o pesquisador da UFV, “as cinzas provenientes de cremação são compostas basicamente por Cálcio, Fósforo e Potássio. Esses elementos são nutrientes essenciais para o crescimento e desenvolvimento das plantas e sua composição percentual se assemelha muito ao fertilizante comercial superfosfato triplo, amplamente utilizado na agricultura”. Ele ressalta ainda que todos os experimentos para a adaptação das plantas à elevada concentração de cinzas na biourna são realizados com fertilizante comercial à base de ossos de animais calcinados, cuja composição é similar à das cinzas humanas. Assim, o trabalho da Universidade está relacionado à adaptação técnica para viabilizar o modelo de negócio da BiosBrasil. Além disso, as atividades são desenvolvidas com a participação direta e indireta de uma equipe multidisciplinar da empresa, composta por profissionais da área de biologia, engenharia florestal, arquitetura e administração.

De acordo com Leonardo Pimentel, é gratificante integrar um projeto inovador, de alto impacto socioeconômico, desenvolvido por meio de uma parceria público-privada. Ele destaca também que a iniciativa permitirá “uma significativa contribuição para sociedade, seja no âmbito ambiental, com redução de resíduos gerados pelos cemitérios convencionais; e no âmbito econômico, diante da geração de novos negócios de alto impacto e com tecnologias nacionais. Já no âmbito social, o BioParque possibilitará às famílias realizarem homenagens com o plantio de árvores, dando um destino adequado às cinzas, ao mesmo tempo em que propõe um resgate de histórias com a elaboração de um livro virtual de memórias. Desta forma, amparará e alentará as famílias em momentos de grande fragilidade”.

A parceria conta ainda com a participação do técnico do Departamento de Agronomia, Francisco de Assis Lopes, dos estudantes de graduação em Agronomia e bolsistas do projeto, Ana Márcia Tresinari Xavier, João Luiz Rocha Resende e Lindemberg Ribeiro Caetano, e da doutoranda do Programa de Pós-graduação em Fitotecnia Thaís Patrícia Moreira Teixeira, que foi contratada pela BiosBrasil Participações SA, onde continua a desenvolver sua tese.

O primeiro parque com a utilização da tecnologia será em Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte (MG), com previsão de abertura para o segundo semestre de 2021. A expectativa é que haja ainda outros cinco BioParques no Brasil: em Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Brasília. Todos os detalhes podem ser conferidos no site bioparquebrasil.com.br.

A iniciativa já tem alcançado destaque na mídia. O MG no Ar, da Rede Record, divulgou uma reportagem sobre os BioParques, que também foram temas de matérias publicadas pelos jornais Estado de MinasDiário do Comércio e O Tempo, além da revista Istoé Dinheiro.

Divulgação Institucional

Uma das integrantes do projeto, a doutoranda da UFV Thaís Teixeira, foi contratada pela BiosBrasil

Fonte: UFV.

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