Aterro Sanitário de São Miguel do Anta é autuado após atuar em desacordo com às legislações ambientais
15 de setembro de 2020

No dia 07 de setembro, durante realização da Operação Sete de Setembro em São Miguel do Anta, a Polícia Militar do Meio Ambiente foi acionada via telefone, informando que estaria havendo um atrito verbal entre populares e funcionários, devido ao aterramento de lixo que tem causado poluição e transtornos aos moradores da área adjacente.

No local, os policiais constataram a presença da viatura do destacamento em trajes civis e seu veiculo particular, acionado durante a sua folga.

Os policiais constataram que os animais já haviam sido serenados. Questionados acerca dos fatos, o homem afirmou que reside nas adjacências do aterro de resíduos sólidos urbanos e que no dia pela manhã visualizou um trator abrindo valas no solo, buscando o lixo na parte superior da usina e fazendo o recobrimento do material na parte inferior do terreno. Além disso, ele afirmou que pegou seu telefone celular e fotografou a situação, momento em que os funcionários saíram do interior do estabelecimento e passaram a questioná-lo, para saber onde ele iria publicar aquilo, alegando que ele poderia prejudicar o emprego deles, dentre outros.

O homem então relatou que houve o inicio de uma discussão e posteriormente, após um dos funcionários solicitar, ele acabou apagando as fotos. Ele ainda informou que a usina de reciclagem gerou um grande problema aos proprietários de residências rurais das adjacências, inclusive a ele, pois estaria ocorrendo poluição da água, solo e ar em toda a região.

Uma outra testemunha confirmou a situação narrada.

Indagado, o operador do trator, afirmou que é funcionário contratado da prefeitura e que presta serviços na usina. Ele ainda disse que na quinta-feira, fez contato com o encarregado da garagem da prefeitura e liberou o trator para realizar o aterramento e recobrimento do lixo na usina na sexta-feira, dia 04/09/2020, afirmando ainda que da mesma forma, tal encarregado teria liberado para que fosse utilizado no dia 07/09/2020, tendo nesta data retirado o trator na garagem da prefeitura e dirigido para a usina, fazendo o aterramento e recobrimento do lixo.

Questionado, o encarregado informou que o responsável pelo setor sabia que a retroescavadeira seria utilizada para essa finalidade, pois tal fato ocorre com frequência. Ademais, ele disse que tanto na garagem, quanto na prefeitura, todos tem o conhecimento da situação, inclusive o prefeito do município.

No local haviam cerca de dez outras pessoas que se apresentaram como funcionários contratadas da usina. Questionados sobre o procedimento de aterramento e recobrimento do lixo com terra, aduziram que tal fato é de conhecimento do prefeito, da vice-prefeita e dos seus secretários.

Um dos funcionários que estavam no local, afirmou que tem conhecimento do problema na usina e disse que o prefeito tentou resolver a situação. Ele ainda disse que outros 12 (doze) funcionários diariamente fazem a triagem do material reciclado e os demais são lançados diretamente no solo e realizado o aterramento e recobrimento, uma ou duas vezes por semana.

A testemunha, que é vizinha ao terreno, disse que no domingo (06/09/2020), visualizou caminhões da prefeitura jogarem água na estrada para diminuir a quantidade de poeira e que quando isso ocorre há diversas atividades significativas na usina nos dias subsequentes. Por fim, ele informou que a terra que está sendo retirada de um  condomínio está sendo levada para o interior da usina para fazer o aterramento e recobrimento do lixo.

Foi feito contato telefônico com a responsável, a qual dirigiu-se aos local do fato e informou prestar todo tipo de apoio (material e logística) e assistência aos funcionários. Questionada sobre a liberação do trator, aduziu que intermediou a liberação com o responsável pela pasta, afirmando que o trator seria de propriedade da usina, mas permanecia na garagem da prefeitura.

A Polícia Militar do Meio Ambiente ainda flagrou no local, quatro cães se alimentando em meios aos resíduos sólidos urbanos.

Além disso, os policiais observaram que o local estava sendo usado para armazenar resíduos perigosos do serviço de saúde em unidade de triagem de recicláveis de resíduos sólidos urbanos sem a devida licença ou autorização ambiental.

Foi observado também a disposição e soterramento de rejeitos oriundos de resíduos sólidos urbanos em área não licenciada para tal atividade.

O local também era usado como unidade de triagem de recicláveis de resíduos sólidos urbanos, sem licença ambiental estando as atividades suspensas por decisão judicial.

As multas totalizaram 30.000 UFEMG (R$111.348,00).

Duas pessoas foram presas e um trator foi apreendido.

As atividades no local encontram-se suspensas pela justiça e pelo órgão ambiental competente.

Na seara administrativa, os policiais vislumbraram a prática das seguintes infrações ambientais:

- Artigo 112, anexo I, código 118, do decreto estadual n° 47383/18, deixar ocorrer, em áreas de destinação final de resíduos sólidos, a catação ou a utilização destes resíduos para a alimentação animal ou a fixação de habitações temporárias ou permanentes;

- Artigo 112, anexo I, código 117, do decreto estadual n° 47383/18, transportar, comercializar, armazenar, dispor, fabricar, expedir ou utilizar resíduos ou produtos perigosos sem a devida licença ou autorização ambiental ou em desacordo com as normas, diretrizes e padrões ambientais vigentes;

- Artigo 112, anexo I, código 114, do decreto estadual n° 47383/18, causar intervenção de qualquer natureza que resulte em poluição, degradação ou dano aos recursos hídricos, às espécies vegetais e animais, aos ecossistemas e habitats ou ao patrimônio natural ou cultural, ou que prejudique a saúde, a segurança e o bem estar da população;

- Artigo 112, anexo I, código 106, do decreto estadual n° 47383/18, instalar, construir, testar, funcionar, operar ou ampliar atividade efetiva ou potencialmente poluidora ou degradadora do meio ambiente sem a devida licença ambiental, desde que não amparado por termo de ajustamento de conduta com o órgão ou entidade ambiental competente; inclusive nos casos de fragmentação indevida do licenciamento ambiental;

Entramos em contato com a assessoria de comunicação da Prefeitura de São Miguel do Anta que não nos respondeu até o fim dessa matéria.

 

 

 

publicidade

publicidade

publicidade