O ex-prefeito de Viçosa Ângelo Chequer concedeu uma entrevista exclusiva ao Jornal da Montanhesa da última quinta-feira (05), e expôs diversos pontos que deveriam ser cumpridos no contrato entre a Viação União e a Prefeitura de Viçosa, mas não estão sendo cumpridos.
Segundo Ângelo, só poderia ter aumento na passagem após a pandemia, e logo quando ela passou, o aumento foi feito. No entanto, os outros pontos que deveriam ser cumpridos, não foram.
Confira a entrevista completa:
Nossa equipe de reportagem entrou em contato com o diretor da Viação União, Roberto Cordeiro Júnior, que rebateu as declarações do ex-prefeito e afirmou que o Executivo municipal também não está cumprindo pontos do novo contrato.
Os pontos que, segundo o ex-prefeito não estão sendo cumpridos, são a implantação de gratuidade para estudantes da rede municipal, estadual e filantrópicas; descontos para alunos da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Univiçosa, Faculdade de Viçosa (FDV) e alunos da rede particular; implantação de bilhete único; plano de tecnologia de rastreamento; e renovação de 50% da frota a cada cinco anos.
Por outro lado, o diretor da Viação União cita que o desconto para estudantes está condicionado à compra da Prefeitura para a quantidade definida de alunos, o que não está acontecendo. Além disso, ele cita também uma cláusula que existe no contrato de que é preciso negociar com o Executivo municipal o valor da tarifa, que é o menor do Brasil, e não é o suficiente para implantar todos os benefícios para a sociedade.
Apesar de tentar contatos com a Prefeitura de Viçosa, a reportagem do Primeiro a Saber não recebeu nenhum retorno do Órgão Municipal à respeito do assunto.
O primeiro ponto citado pelo ex-prefeito como descumprimento da Viação União é o da gratuidade para estudantes da rede estadual, municipal e filantrópicas. Segundo ele, a Viação União teria que fazer um plano de gratuidade para três mil alunos dessas redes, sendo que o poder publico iria subsidiar 50% desses alunos.
Nesse sentido, o diretor da Viação cita que existe uma condicionante no contrato que é a compra por parte da Prefeitura para três mil alunos.
"Quando eles comprarem, nós vamos dar o desconto", afirma o diretor.
Ainda segundo Roberto Cordeiro Júnior, o próprio ex-prefeito Ângelo Chequer cita a lei do Zoneamento Escolar, que foi feito após a assinatura, e criou critérios para que alunos recebessem o beneficio. Segundo essa lei, o aluno que mora perto da sua escola não tem direito à gratuidade. Por isso, nesse momento, os alunos que têm direito estão entre 1.200 e 1.300.
"A lei é pós-assinatura da concessão. Então ela fez com que essa cláusula virasse uma cláusula morta. Para darmos desconto para três mil alunos, a Prefeitura teria que comprar bilhetes para mais 1.700 alunos. Mas com essa clausula, nunca teremos três mil alunos. A Câmara tem q mudar a lei", pontuou Júnior.
O diretor ainda cita que, de qualquer maneira, a compra precisa ser feita de acordo com a planilha de gastos deles, já que é necessário fazer um reajuste na tarifa de ônibus que atualmente custa R$ 3,00 em Viçosa, sendo a mais barata do Brasil.
O ex-prefeito, durante a sua entrevista, citou essa lei do Zoneamento, mas afirmou que após a concessão, essa lei cai por terra.
"A criança tem que estudar onde quiser, o pai tem que matricular o filho onde quiser. O poder executivo tem que alterar essa lei o quanto antes, pois é inconstitucional, já que tem uma concessão em vigor", disse Ângelo Chequer.
Outro ponto citado pelo ex-chefe do Executivo é a obrigação que a Viação tem em ceder 50% de descontos para alunos da UFV, Univiçosa, FDV e também das escolas particulares. Mas, segundo o diretor da União, esse ponto também é condicionado pela compra de bilhetes pela Prefeitura e do reajuste da tarifa.
Durante a entrevista, Ângelo Chequer também citou a não implementação do bilhete único pela Viação União, que estava previsto no contrato, mas não está sendo cumprido.
"Uma senhora que mora em Cachoeira do Santa Cruz (Cachoeirinha) ou São José do Triunfo, mas que trabalha numa determinada localidade em que precisaria pegar quatro ônibus, (dois para ir e dois para voltar), com o bilhete único só pagaria um bilhete num intervalo de 1h", afirmou Ângelo.
Além disso, falou sobre a obrigação que a Viação tem de renovar a cada cinco anos sua frota. Com isso, segundo o Prefeito, ela teria que comprar mais 20% de ônibus novos para atender a demanda.
Em relação a esses questionamentos, o diretor da Viação União afirmou que há uma clausula que afirma que é preciso negociar com a PMV o aumento da sua tarifa. Atualmente, segundo o diretor, a planilha de gastos da empresa aponta para uma passagem que deveria ser em torno de R$ 5,00, mas ainda está sendo cobrado R$ 3,00. Como exemplo, ele cita Muriaé, onde a passagem é R$ 3,40, e Ubá e Juiz de Fora, onde é cobrado R$ 3,80.
"A partir do momento que respeitarem o direito do reajuste, nós implantamos isso tudo. Existe um descumprimento de ambas as partes. Entendo que mais deles", disse o diretor.
O diretor afirma também que de novembro até o momento, o número de horários de ônibus aumentou em 40% e o valor cobrado (abaixo da média) não é o suficiente para cumprir com todos os pontos do contrato.
O plano de tecnologia de rastreio, segundo o ex-prefeito, seria o passageiro ter acesso a um aplicativo para saber onde o seu ônibus está, o horário que vai chegar no seu ponto e se vai atrasar. Segundo ele, esse seria mais um dos pontos que a Viação não estaria cumprindo.
No entanto, segundo o diretor, já existe um aplicativo em que o passageiro tem acesso à essas informações e no site da Viação tem todas as informações sobre como baixar o App.
O nome do aplicativo é CittaMobi e pode está disponível para IOS e Android. Para saber como baixar, acesse o link a seguir: http://www.viacaouniao.com.br/index.php/cittamobi
O expoente em comum, tanto por parte do ex-prefeito quanto por parte do diretor da Viação União, são cobranças ao Poder Público e ao Executivo municipal. Ângelo Chequer afirma que cabe ao Poder Público fazer a coisa acontecer e aos vereadores, é necessário retirar a lei do zoneamento.
Já Roberto Cordeiro Júnior cobra o Executivo para que cumpra com as suas funções para que a Viação consiga cumprir com as delas.