Segundo a avó do garoto, seis suspeitos de serem os responsáveis pelo crime do 'Caso Gabriel' foram encontrados.
O caso do assassinato do menino Gabriel Oliveira Maciel estar próximo do fim. Isso porque, na próxima sexta-feira (05) acontecerá mais uma, e possivelmente a última, audiência de instrução sobre o caso no Fórum de Viçosa. A informação foi confirmada à equipe de reportagem do Primeiro a Saber pela avó do garoto, dona Regina Maciel.
De acordo com a avó, a Justiça localizou seis suspeitos de terem cometido o crime contra a vida do jovem de, na época, 16 anos. Além disso, ela afirmou que na próxima sexta haverá mais dois depoimentos de instrução. Após isso, o juiz do caso definirá a pena aos suspeitos ou levará o caso à Júri Popular.
Gabriel desapareceu após uma ‘Calourada”, em Viçosa, promovida pela República Qkické no dia 06/03/2015, sendo encontrado morto três dias depois.
Gabriel Oliveira Maciel desapareceu após uma calourada realizada pela República Qkické, em Viçosa, no dia 06/03/2015, e foi encontrado morto três dias depois, nu e em uma vala. De acordo com informações repassadas pela família da vítima, o último registro de Gabriel vivo foi através de uma foto de WhatsApp, enviado pelo próprio garoto para a família, em que ele aparecia ao lado de sua suposta namorada, quem o havia levado para a festa, com autorização da avó.
A avó do garoto, Regina Maciel, e o radialista de Ponte Nova Robson Lemos, concederam uma entrevista exclusiva ao Jornal da Montanhesa no dia 23/10/2021, para falar sobre o crime (assista a entrevista na íntegra). Segundo eles, a garota insistiu para levar o menino de, na época, 17 anos, para a festa. Além disso, havia prometido que traria ele de volta no dia seguinte, pela manhã.
“Ele não conhecia Viçosa. A namorada se responsabilizou, disse que voltaria com ele no sábado, pois ele tinha uma prova. Simplesmente ele desapareceu. Ela não nos avisou. A gente estava sem saber nada mesmo”, afirma dona Regina.
Ainda segundo a avó do garoto, como ele não chegou no horário combinado, a família começou a pregar cartazes para tentar localizar o jovem. No entanto, infelizmente Gabriel Maciel foi encontrado já sem vida, três dias após a realização da festa e com inúmeros sinais de tortura.
Segundo informou o G1, de acordo com familiares, Gabriel saiu de casa, em Ponte Nova, para encontrar uma suposta namorada para ir ao evento. O corpo do adolescente foi localizado três dias depois, dentro de uma vala em uma área experimental que pertence à UFV, próxima a BR-120. A Perícia esclareceu que a vítima, provavelmente, foi morta em outro local e transportada para onde foi encontrada.
De acordo com a avó e o radialista Robson Lemos, há informações de que seis pessoas participaram do crime, sendo quatro de Viçosa e dois de Ponte Nova, e uma outra pessoa ainda havia participado indiretamente. Ainda segundo eles, uma testemunha havia visto o garoto recebendo algumas pauladas e sendo colocado num carro vermelho, com cinco pessoas que estavam batendo nele.
Antes de ser desovado em posição erótica e levado um último tiro para execução, o garoto ainda foi espancado, torturado, estuprado, mutilado e teve seus órgãos genitais cortados.
De acordo com a mãe de Gabriel, ele saiu de casa dizendo que não iria ao evento, mas apenas encontrar a suposta namorada. “Fui dormir tranquila. Ele me disse que voltaria no primeiro horário de ônibus porque tinha cursinho às 10h. Às 7h eu comecei a ligar para ele, o telefone chamava e não atendia. Depois houve um retorno do celular dele para mim. Eu só ouvi um gemido. Eu liguei várias vezes depois até o celular dele descarregar”, contou.
Segundo o Boletim de Ocorrência da época, o Conselho Tutelar foi até a casa da suposta namorada após o registro do caso. Inicialmente, ela confirmou que esteve com o adolescente na festa e que ele teria feito uso de drogas e bebida alcoólica sem moderação. Ela contou que foi embora e o deixou na festa após discutirem. Contudo, dias depois, ela mudou a versão.
Em novo depoimento, a namorada, na época de 19 anos, mudou a forma como citou as ações do jovem na festa. Dessa vez, ela contou que Gabriel bebeu pouco e não usou drogas. Ela disse que ele estava totalmente lúcido quando se falaram pela última vez, quando iria para casa.
Conforme a assessoria da polícia, em matéria divulgada pelo G1 em 2015, a jovem também relatou que ele pretendia ficar na festa para conversar com amigos. Em seguida, ela foi embora, por volta de 3h do sábado (7) e às 6h recebeu a notícia de que Gabriel não havia chegado. Ainda conforme a assessoria, ao ser questionada pelo delegado sobre esta diferença nos relatos, a jovem informou que “em momento nenhum disse o que consta na ocorrência”.
Além disso, durante a entrevista concedida ao Jornal da Montanhesa da última quinta-feira (23), o radialista de Ponte Nova, Robson Lemos, afirmou que através de mensagens de texto, a suposta namorada do Gabriel havia dito que eles eram “apenas amigos”.
Ainda em relação a suposta namorada, a avó de Gabriel também fez questionamentos durante o Jornal da Montanhesa. Segundo ela, uma coisa que lhe chamou muito a atenção é que no domingo pela manhã, após o desaparecimento do seu neto, uma outra filha, tia do garoto, foi relatar ao delegado que ele estava sumido.
Mas, para a surpresa, a jovem namorada do rapaz já estava por lá e não havia, nem sequer, telefonado para a família para avisar do acontecido.
“Não estou acusando ninguém. Só lamento, que a menina em que ele confiou, que ele beijou, ofereceu flores e bombons, não veio nos dar um abraço. Não nos comunicou que ele sumiu. Nós precisávamos disso. Ela deveria ter entrado em contato e poderia ter ido ao sepultamento dele”, diz a avó.
No dia 20/07/2016, a Polícia Civil divulgou que havia prendido alguns suspeitos no envolvimento na morte do garoto, sem dar mais detalhes do ocorrido. Entretanto, no mesmo dia, um ônibus da empresa que fazia o transporte público em Viçosa foi incendiado por um adolescente de 15 anos de idade.
De acordo com a polícia, o menor havia comprado um galão em um posto de combustível. Após isso, foi até um ponto de ônibus, deu sinal para que o automóvel parasse e, já dentro do coletivo, obrigou que todos os passageiros descessem.
Aos policiais, o menor contou que cometeu o crime a mando de dois homens maiores de idades, que também foram presos. Além disso, ele confirmou que o ato foi uma represália após a Polícia Civil realizar a “Operação Arcanjo” e prender os suspeitos da morte do Gabriel.
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