Recenseador citou serem "escravos do IBGE" e expôs condições de trabalho, segundo ele, precárias. Fala aconteceu na Câmara de Viçosa.
O recenseador do IBGE em Viçosa, Emílio Saliveres Alderete, esteve na reunião ordinária da Câmara Municipal de Viçosa da última terça-feira (06), para expor, segundo ele, as condições de trabalho precárias que os funcionários estão sendo submetidos no município e em todo o Brasil.
Emílio afirma estarem vivendo "quase um regime de escravidão", e por conta dessas condições, no último dia 01, pelo menos 25 recenseadores de Viçosa aderiram o movimento da greve nacional de trabalhadores.
Emílio explica que eles recebem apenas pelo questionário aplicado e muito pouco pelo questionário. Além disso, afirma que ao saírem de casa e não encontrarem o morador em casa já é prejuízo para o recenseador, já que a passagem de ônibus, de ida e volta, é R$ 6,00 e o IBGE, segundo o funcionário, não considera que eles estão trabalhando.
"Isso é um absurdo, já que fomos informados no edital que receberíamos por hora trabalhada. Não temos auxílio alimentação, nenhuma forma de auxílio, ganhando em média de R$ 4,00 a R$ 8,00 reais por questionário", afirma Emílio.
Emílio ainda questiona como o IBGE quer garantir um censo de qualidade, se o trabalho dos recenseadores não é valorizado.
"Não temos vale transporte, alimentação e nem nenhum tipo de auxilio. Somos escravos do IBGE", dispara o recenseador.
Emílio explica ainda que muitas pessoas têm se esquivado de responder as perguntas do Censo, mas as pessoas são obrigadas por lei a responder. Nesse sentido, ele expõe como isso também gera prejuízo aos trabalhadores, já que o recenseador só recebe o seu salário após encerrar um setor - um morador respondendo por domicílio. E, para encerrar cada setor, é preciso um limite máximo de apenas 5% moradores que não responderam.
Por conta desse fator, o recenseador afirma que uma reunião foi realizada, há oito dias, no Salão Nobre da Prefeitura de Viçosa. Na ocasião, membros do executivo e funcionários efetivos o IBGE estiveram presentes, juntamente com recenseadores e agentes de endemias e saúde do município. Mas, segundo Emílio, o objetivo da reunião foi apenas "passar panos quentes" na situação.
"O objetivo do executivo da Prefeitura e dos membros efetivos do IBGE foi passar panos quentes sobre a situação e sobrecarregar ainda mais o trabalho feito pelos trabalhadores das UBS (Unidades Básicas de Saúde), delegando a eles a função de acompanhar os recenseadores nas casas para que as taxas de recusas diminuíssem", disse.
Além disso, Emílio relata ainda que muitos recenseadores no Brasil todo estão sendo desligados sem justa causa "apenas por não cumprir a meta que o supervisor tinha para aquele mês". De acordo com ele, também há inúmeros relatos de atraso de pagamentos.
"Até hoje há recenseadores que não receberam pela semana de treinamento", conta o funcionário.
Nesse sentido, por conta das condições relatados durante a Tribuna Livre, Emílio, em nome dos recenseadores de Viçosa e do Brasil faz inúmeras reinvindicações. Entre as reinvindicações estão:
Após as declarações, a Coordenação do Censo Demográfico 2022 de Viçosa divulgou uma nota de esclarecimento sobre sobre os pontos levantados pelo recenseador Emílio Saliveres Alderete. Na nota, ela justifica e explica o modo de pagamento aos recenseadores; cita detalhes sobre a reunião mencionada na Câmara de Viçosa; mostra ações que estão sendo desenvolvidas em parceria com a Prefeitura e outros pontos.
Veja abaixo a nota de esclarecimento completa: