Nos últimos anos, a indústria de jogos proporcionou progressos surpreendentes à imensa comunidade de jogadores pelo mundo afora. Por conseguinte, essa rápida evolução foi inspirada por inovações tecnológicas, tendências em constante evolução e crescente demanda do público em busca de viver experiências cada vez mais interativas e sofisticadas.
Dentro desse conjunto de fatores que contribuem significativamente para o sucesso do mundo gamer, que segundo a Forbes deverá estar avaliado em mais de US$ 200 bilhões até o fim de 2023, hoje vamos destacar o relevante papel da Inteligência Artificial (IA) na evolução do setor. Já que, assim como acontece em outros segmentos do entretenimento com participação direta da IA, essa tecnologia impacta em inúmeros aspectos dos jogos, tornando-os mais realistas, adaptáveis e responsivos.
O que é Inteligência Artificial?
Antes de avançarmos para a IA no mundo dos jogos é imprescindível compreendermos a sua definição. Para o cientista da computação John McCarthy (1927-2011), pioneiro dessa tecnologia, a IA é a ciência e a engenharia da construir máquinas inteligentes, especialmente programas de computador.
Portanto, é utilizar computadores para tentar compreender a inteligência humana. Mas, ainda segundo McCarthy, a IA não precisa se limitar a métodos que são biologicamente observáveis.
A importância da IA no comportamento de personagens não jogáveis
Isso posto, os jogos necessitam da inserção da IA para promover a interação entre o jogador e a máquina. Um ótimo exemplo disso está na aplicação da tecnologia para colocar em prática as movimentações complexas de personagens não jogáveis, mais conhecidos como NPCs no linguajar gamer.
Atualmente, principalmente nos títulos de mundo aberto, todos os NPCs têm as suas ações determinadas por regras automatizadas e não podem ser controladas por um jogador — ou seja, são pré-programados. De modo que a IA nos jogos ajudam a gerar um comportamento mais inteligente nos NPCs, fazendo com que eles tenham ações ou respostas condizentes com o cenário proposto.
Nos últimos anos, a Electronic Arts (EA), uma das maiores desenvolvedoras de jogos do mercado, tem procurado criar sistemas que tenham a capacidade de utilizar aprendizado de máquina para replicar expressões faciais reais, movimentos corporais de fotos e vídeos e até mesmo tipos de pele para serem aplicadas no mundo virtual.
Como a IA afeta no nível de realismo gráfico dos jogos
Na cena gamer contemporânea, a IA apresenta um enorme potencial para elevar o desempenho de simulações em jogos online multiplayer, bem como melhorar os recursos a nível visual e fazer com que os games sejam cada vez mais realistas.
Sendo que a tecnologia de IA também é capaz de prever o futuro por meio de um sistema complexo, podendo ser utilizada para reproduzir novos mundos e ambientes de jogos com iluminação em tempo real. Um exemplo disso é o upscaling de IA, recurso que é bastante utilizado por grandes empresas de tecnologia como a Nvidia, com o objetivo de melhorar os gráficos de jogos online e transformar imagens em representações ultrarrealistas.
Vale destacar que as placas de vídeo de última geração contam com o recurso Ray Tracing em tempo real, tecnologia na qual utiliza “traçados de raios” para propiciar melhores efeitos de luz nos jogos. Ou seja, são efeitos que dependem de desempenho de inteligência artificial bastante aprimorado.
O outro lado da moeda: quando a IA é desenvolvida especificamente para superar o homem no jogo
Em 2007, em uma reunião da Associação para o Avanço da Inteligência Artificial, no Canadá, o jogo de poker serviu como base de um importante estudo de inteligência artificial. Dessa maneira, pesquisadores canadenses da Universidade de Alberta desenvolveram um software chamado Polaris, no qual desafiou dois profissionais de poker em uma partida de hold’em com limite fixo — uma variante tradicional da modalidade.
Naquela oportunidade, os jogadores venceram a máquina. Contudo, um ano mais tarde, os pesquisadores não se deram por satisfeitos e criaram o programa Solaris 2.0 para enfrentar competidores distintos em uma nova disputa. Desta vez, o resultado culminou na histórica vitória do computador.
E não para por aí. Mais recentemente, em 2017, um grupo de pesquisadores estadunidenses da Universidade Carnegie Mellon, nos Estados Unidos, desenvolveu o software Libratus. Na ocasião, o programa desafiou e venceu quatro jogadores no jogo de poker hold’em sem limite fixo, uma das principais variantes da modalidade disputada em modo online.
Você pode estar se perguntando: “Por que o poker foi escolhido por essas universidades, para ser o protagonista nos programas de IA acima mencionados?” Neste caso, porque o jogo de poker é uma modalidade repleta de jogadas, anomalias (como o jogador estar fazendo blefe) e combinações diferentes, o que o torna imprevísivel e faz dele o teste perfeito para calcular a habilidade de uma IA.
O que esperar do futuro da IA nos jogos?
No assunto que toca o futuro da IA nos jogos, a tendência é que essa tecnologia permaneça disponibilizando cada vez mais mecanismos de interatividade, inúmeras combinações de histórias, gráficos e NPCs mais realistas, assim como novas experiências personalizadas nas principais plataformas: mobile, PC e console.
Contudo, apesar das grandes expectativas que rodeiam essa inovação, é difícil cravar a proporção de seu crescimento até o fim da atual década, por exemplo. Em contrapartida, o que não dá para colocar em xeque, de fato, é que o futuro dos jogos passa diretamente pelo desenvolvimento contínuo da IA.