Levantamento nacional realizado pela entidade revela que quase um quarto das empresas trabalhou com prejuízo em janeiro e dois terços têm dívidas bancárias.
Nova pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) mostra que a situação do setor de alimentação teve leve deterioração no primeiro mês do ano, com muitas empresas ainda patinando para se recuperar dos tombos causados pela pandemia. A pesquisa ouviu 1477 empresas de todo o país e revelou que quase um quarto delas (24%) registraram prejuízo em janeiro, um crescimento de 4 pontos percentuais em relação ao resultado de dezembro. Outros 43% trabalharam com lucro (queda de 4 pontos) e 34% ficaram em estabilidade.
Além disso, a pesquisa revelou que 55% das empresas não estão conseguindo reajustar os preços conforme a média de inflação (que foi de 5,77% no período), sendo que 29% fizeram reajustes abaixo do índice e 26% não conseguiram fazer reajuste algum. Outros 35% aumentaram conforme a média e apenas 10% aumentaram o cardápio acima deste índice.
O presidente-executivo da Abrasel, Paulo Solmucci, destaca a importância de o governo federal atentar para a piora do quadro, principalmente quanto às empresas que ainda sofrem os efeitos devastadores do período de restrições, com endividamento alto e pagamentos em atraso. Segundo ele, “em média, 10% do faturamento das empresas que tomaram empréstimos está sendo aplicado em pagar dívidas bancárias, um índice muito alto. Não à toa, a inadimplência em relação a empréstimos de linhas regulares já atinge uma em cada cinco destas empresas”.
A pesquisa ainda revelou que 66% das empresas têm hoje empréstimos bancários contratados. A inadimplência é de 21% entre os que tomaram dinheiro de linhas regulares e de 13% entre os que aderiram ao Pronampe (a média do programa no Brasil é de 5,2%). Além disso, em média 10,3% do faturamento das empresas que têm empréstimos está empenhado em pagar as parcelas. Para um terço delas (33%), está acima deste patamar (24% têm entre 11% e 20% do faturamento empenhados, e para 9% o percentual está acima de 20%).
Por fim, a pesquisa também abordou o tema do assédio e violência contra mulheres nos estabelecimentos de alimentação fora do lar, um tema importante para a sociedade que voltou recentemente à baila com projetos de lei e decretos em estados e municípios.
De acordo com a pesquisa, 80% dos estabelecimentos já implantaram ou pretendem implantar sinalização sobre canais de denúncia ao assédio contra mulheres - 13% já implantaram e 67% pretendem implantar em breve. Outras medidas que têm ampla adesão são o treinamento dos funcionários para lidar com as situações de assédio/violência (78%) e protocolo para acionamento imediato de autoridades (74%).
Entre as medidas consideradas menos viáveis estão vigilância especial em áreas isoladas ou com pouca iluminação (52% creem não ser viável para o estabelecimento) e espaço físico reservado para o acolhimento (58% não veem viabilidade na implantação em seu estabelecimento).