A Primeira edição do evento aconteceu no último sábado, 15, e celebrou a cultura indígena de toda a Zona da Mata.
O 1º Kanduna Puri, evento de cultura indígena promovido pela Secretaria de Cultura, Patrimônio Histórico e Esportes da PMV em parceria com o Movimento de Retomada Puri da Zona da Mata, aconteceu no último sábado, 15 de abril. A programação foi realizada na Estação Cultural Hervé Cordovil, no centro de Viçosa, e contou com um número expressivo de participantes; dentre eles, pessoas indígenas do município e da região.
As atividades tiveram início às 14h, com Kanaremunde e uma roda de caboclo. Com a rua da Estação fechada, todos os presentes formaram um círculo ao redor de uma fogueira, no qual foram prestados agradecimentos aos ancestrais e entoados cantos tradicionais ao som de maracás, palmas e percussão. [vide imagem abaixo]
O evento seguiu para a mesa de abertura com lideranças de Viçosa e da Zona da Mata.
Na ocasião, os participantes reforçaram a importância da valorização da cultura indígena, da visibilização de suas pautas e lutas, do reconhecimento enquanto comunidade e da relevância de políticas públicas voltadas para as necessidades dos povos originários.
Finalizada a mesa, o público do 1º Kanduna Puri foi convidado a participar de uma atividade dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas: cabo de força. Duas equipes ficam em cada lado de uma corda, puxando-a com força, e ganha a que trouxer para o seu campo o galho amarrado no meio do cabo. A ação foi sucesso principalmente entre as crianças, que se empenharam em mais de uma revanche.
A mesa de partilha de alimentos tradicionais da cultura puri foi, também, um momento muito forte. Sucos, broas, ovos, chás, frutas e legumes diversos foram servidos.
Para Carolina Santos (Miri Ponan Puri), membro do Retomada Puri, a ação foi uma das mais importantes do Kanduna, devido à preparação do cardápio, pensado com ancestralidade e afetividade, e ao simbolismo.
“Foi um processo que envolveu muitas pessoas, muitas mãos construindo isso, desde os parentes de Fervedouro que vieram, que puderam contribuir com a partilha… Tudo ali tinha uma conexão muito forte; a comida, o alimento, é muito importante pra gente, principalmente quando ele vem da terra”
Carolina Santos (Miri Ponan Puri)
O Kanduna Puri contou, ainda, com um espaço para compra e venda de artesanato indígena, incluindo peças como brincos, colares, filtro dos sonhos, cestas e objetos decorativos. Entre os momentos de fala e discussões do evento, a Estação foi embalada por uma playlist de músicas de cantores indígenas, pensada pelas irmãs Heloisa e Helena Puri especialmente para a ocasião. Ao decorrer do evento, em uma ação da Secretaria de Saúde de Viçosa, também foi disponibilizada uma tenda para vacinação indígena. Após preencher a autodeclaração, os indígenas presentes puderam se vacinar com a vacina bivalente contra a Covid-19 e contra a influenza.
Outro ponto de destaque do Kanduna foi a oficina de cestaria, ministrada por José Maria Pedro (Zé do Bambu). Considerado um dos mestres da cultura do artesanato, Zé ensinou os participantes a produzir um cesto utilizando pedaços de bambu. Dezenas de pessoas iniciaram suas cestinhas e puderam até levar para casa para finalizar. O forte engajamento do público trouxe muita alegria para a atividade, que reforça a importância de preservar e dar continuidade aos saberes ancestrais, muitos dos quais se aprende somente com a prática.
A noite no 1º Kanduna Puri teve início com a apresentação da peça de teatro "Raiz Conta: Casca, Origem e Tempo", da dramaturga Adryana Ryal Puri. Encerrando a programação, foi promovido um cine-debate com o filme “Brotos Originários”, da diretora Priscila Aguiar.
A primeira edição do Kanduna Puri foi realizada e finalizada com ótima energia, como uma oportunidade de compartilhamento, valorização, reconhecimento e compreensão da cultura indígena da Zona da Mata Mineira e, como sugere o nome do evento em sua tradução para o português, um acendimento do povo puri. “Há muito tempo as resistências já aconteciam, já se faziam, mas quando a gente traz isso pro coletivo, a gente vê que o negócio quase pega fogo de verdade; é uma energia muito forte, da gente junto”, afirma Carolina
INFORMAÇÕES DA PMV