A chegada do outono e o início do período de tempo seco trazem uma conhecida preocupação: o aumento da incidência de doenças respiratórias, especialmente em crianças.
Segundo a pneumologista pediátrica do Hospital Infantil João Paulo II, localizado na capital, Chaline Guimarães Mezêncio, a doença é causada pelo vírus sincicial respiratório, que pode levar, especialmente os bebês, a quadros de tosse, cansaço e falta de ar, com necessidade de uso de oxigênio e, algumas vezes, suporte ventilatório em Unidade de Tratamento Intensivo (UTI).
Além da bronquiolite, gripes, resfriados e pneumonias também são comuns e podem ser ainda piores em crianças pequenas ou portadoras de asma e rinite alérgica.
“A maioria dos casos são resfriados e gripes, que podem levar a sintomas como febre, nariz entupido ou escorrendo, espirros e tosse. As crianças menores de 1 ano – principalmente as com idade abaixo dos seis meses - são as mais afetadas, podendo apresentar quadros mais graves, com muita dificuldade respiratória. "
A baixa umidade já é um fator conhecido por quem tem filhos, por contribuir para piora dos sintomas em crianças que já apresentam doenças pulmonares como asma ou rinite alérgica.
“O ar seco leva a um maior aprisionamento de partículas de poluição nas camadas mais superficiais do ar. Além de inalar muito mais partículas de poluição neste período, há ainda o ressecamento da própria via aérea que leva a um maior número de sintomas nasais como coceira, espirros, ‘fungueira’ e dificuldade para respirar, podendo também causar broncoespasmos em crianças asmáticas”, explica a médica.
No entanto, a profissional alerta que a baixa umidade não é o único motivo do maior adoecimento das crianças nesta época do ano.
“Outro fator muito importante são os vírus, que tendem a circular mais e encontram facilidade para infectar um número maior de pessoas devido às aglomerações em lugares fechados e ambientes mal ventilados, além de uma mucosa nasal e pulmonar já inflamada pelo efeito da baixa umidade”.
Ainda segundo ela, ingerir alimentos gelados, andar descalço, tomar chuva, sereno, pegar vento, nadar, sair no frio sem agasalho, não passam de mitos para justificar os sintomas respiratórios.
“Tratam-se de infecções respiratórias causadas por vírus e passadas de uma pessoa para a outra e não pelo contato com o frio ou gelado”, esclarece.
Hábitos simples podem ajudar a evitar os principais adoecimentos nesta época do ano. Manter o ambiente bem ventilado, evitar contato com pessoas doentes, locais fechados e com aglomeração de pessoas, além de tomar água com frequência, especialmente nos dias de umidade mais baixa, são alguns deles.
“Crianças que brincam em praças e parques têm menor risco de adoecimento que aquelas que ficam em locais fechados e com muitas pessoas. Além disso, umidificar o ambiente, durante os dias muito secos (em que a umidade esteja abaixo de 30%), com toalhas molhadas ou bacias de água, ajuda bastante. No entanto, é preciso estar atento às crianças pequenas que circulam por esses ambientes para evitar acidentes”, orienta a pneumologista.
Quando levar ao hospital?
É importante estar atento aos sintomas para não levar a criança a um hospital ou centro de saúde sem que haja necessidade, evitando que ela seja exposta ao contato com outras crianças doentes e causando uma grande aglomeração de pacientes na espera por um atendimento médico – já que este ano os centros de saúde se encontram com alto número de pacientes devido à pior epidemia de dengue da história de Minas Gerais.
“Crianças com febre persistente, por mais de três ou quatro dias, sem nenhum sinal de melhora, prostração mesmo nos momentos em que não está febril, crianças muito irritadas sem causa aparente, cansaço e dificuldade para respirar – que pode ser notado pela respiração muito rápida, com esforço (a barriga afunda e volta, as costelas ficam aparentes, o pescoço afunda e o nariz mexe como se precisasse puxar mais ar) – ou bebês que apresentam gemido ao respirar, necessitam de atenção e uma avaliação médica imediata”, explica a pneumologista.
A doutora alerta ainda para o risco da automedicação. “Qualquer medicação só deve ser usada com prescrição de um médico, principalmente quando falamos sobre crianças. É importante saber que não existe vitamina ou remédio milagroso para evitar as infecções respiratórias e melhorar a imunidade...".
Informações por Agência Minas