Celebração em Viçosa destaca a contribuição de escritoras negras e a importância da literatura nacional.
Viçosa sedia nesta sexta (25), um evento que celebra o Dia da Mulher Negra Brasileira e o Dia Nacional do Escritor. A iniciativa promove a valorização da literatura e das artes, com destaque para a participação de escritoras negras.
As protagonistas do evento são Teresinha Ferreira, escritora viçosense, e Maria Luísa Marcelino, de Ubá. A programação é uma realização do Conselho Municipal pela Igualdade Racial (COMPIR) em parceria com a Secretaria de Cultura, Turismo, Eventos e Juventude. As atividades têm início às 17h, na Biblioteca Municipal Dr. Mário Dutra, localizada na Praça do Rosário, nº 5.
Antes da programação na biblioteca, o Calçadão Arthur Bernardes recebe apresentações de dança. Os artistas Yan Castro e Luid Barros apresentam o espetáculo "Olhar Complexo". As bailarinas Sttefany e Vanessa performam as coreografias "Ginga" e "Diálogos Urbanos".
Na Biblioteca Municipal, a programação continua com uma intervenção poética do coletivo Slam do Turvo. Posteriormente, as escritoras Teresinha Ferreira e Maria Luísa Marcelino participam de uma roda de conversa. Elas abordarão suas trajetórias, obras e vivências enquanto mulheres negras. A roda de conversa será seguida por uma Oficina de Escrita Criativa, ministrada por Barbara Antunes. Nesta oficina, as histórias das autoras servirão como inspiração para a produção de poesias, que serão lidas e declamadas ao final da atividade.
A realização deste evento foi definida em reunião do COMPIR em 15 de julho. O objetivo é promover as datas e valorizar as participantes da celebração. Na mesma reunião, o Conselho aprovou, em primeira votação, seu regimento interno. O COMPIR foi criado pela Lei Municipal nº 2.538/2016 e possui caráter normativo, consultivo e deliberativo.
Teresinha de Jesus Ferreira possui formação em Letras pela UFV, especialização em TV, Cinema e Mídias Digitais pela UFJF e mestrado em Patrimônio Cultural, Paisagem e Cidadania pela UFV. Ela atua como diretora de Comunicação da Associação dos Servidores Administrativos de Viçosa e vice-presidente da Unegro local. É autora do livro "Memórias, Histórias e Saberes de Benzedeiras(os), Rezadeiras(os) e Ialorixás de Viçosa e Ponte Nova". A obra documenta saberes ancestrais e modos de transmissão de conhecimentos entre gerações, além de mapear terreiros de umbanda e roças de candomblé.
Maria Luísa Marcelino é mestra dos pontos cantados da umbanda, liderança do Quilombo Namastê, em Ubá, e zeladora do Centro Espírita Caboclo Pena Branca. É autora do livro "Quilombola: Lamento de um Povo Negro", lançado pela Teia dos Povos em 2015. O livro narra a história de cinco gerações de mulheres quilombolas e umbandistas, descrevendo suas lutas e deslocamentos. A obra também documenta a formação do território quilombola de Namastê, reconhecido oficialmente pela Fundação Palmares em 2009. A segunda edição, revista e ampliada, será lançada em 2024.
O Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, em 25 de julho, foi estabelecido após o primeiro Encontro de Mulheres Negras Latinas e Caribenhas, ocorrido em Santo Domingo, República Dominicana. A data, com apoio da ONU, simboliza a luta e resistência de mulheres negras, indígenas e de comunidades tradicionais. No Brasil, a data também homenageia Tereza de Benguela, liderança quilombola, conforme a Lei nº 12.987/2014.
Também em 25 de julho é celebrado o Dia Nacional do Escritor. Esta data foi instituída em 1960 pelo então ministro da Educação e Cultura, Pedro Paulo Penido, em homenagem ao I Festival do Escritor Brasileiro, promovido pela União Brasileira de Escritores (UBE).