
Quilombo de Gesteira recebe Encontro de Comunidades para Fortalecimento e Debates sobre Reparação e Território
Nos dias 25 e 26 de outubro de 2025, o Quilombo de Gesteira, no município de Barra Longa (MG), sediou o encontro de Comunidades Quilombolas da Rede SAPOQUI. O evento de dois dias concentrou aprendizado, troca de experiências e o fortalecimento das comunidades quilombolas da região.
O primeiro dia foi iniciado com uma andança pelo território. A atividade permitiu que os presentes compreendessem a dimensão do desastre causado pelo rompimento das barragens de Mariana pelas empresas Vale, BHP e Billiton. A comunidade quilombola de Gesteira ainda resiste e enfrenta a ausência de reparação adequada. Após dez anos do ocorrido, o Quilombo de Gesteira não possui reconhecimento oficial como comunidade atingida e foi excluído do processo de repactuação.
Na parte da tarde, ocorreu uma roda de conversa com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA). O debate abordou a titulação dos territórios quilombolas. Míriam Aprígio, do Quilombo Luízes (Belo Horizonte/MG), compartilhou a experiência do processo de titulação via município e apresentou mecanismos de defesa dos territórios. Simone, do Quilombo de Gesteira, explicou a distinção entre um território atingido, que será reassentado, e um território titulado. Ela enfatizou a importância de a comunidade obter o título de propriedade coletiva mesmo após o reassentamento. O encontro visou fortalecer as lideranças sobre a importância do território para a manutenção da vida, da cultura e da identidade quilombola.
O segundo dia do encontro focou em dois temas centrais. O primeiro momento tratou da identidade quilombola como ferramenta de luta. O debate destacou que a valorização da história quilombola é essencial para a efetivação de políticas públicas e a proteção dos territórios. O segundo momento discutiu a educação escolar quilombola. O tema abordou a necessidade de uma educação que integre os saberes, tecnologias e tradições das comunidades de forma dialógica e participativa no cotidiano escolar. Foi ressaltada a importância do envolvimento de toda a comunidade no processo educativo para garantir que as escolas sejam espaços de preservação e fortalecimento da cultura quilombola.
O evento contou com a presença de diversas comunidades quilombolas da Rede SAPOQUI, incluindo Campinho (Congonhas/MG), Luízes (Belo Horizonte/MG), Fátima (Ponte Nova/MG), Bom Jardim (Visconde do Rio Branco/MG), Buieié e Carlos Dias (ambos de Viçosa/MG), Chácara (Paula Cândido/MG), Vila Santa Efigênia (Mariana/MG), Estiva (Amparo do Serra/MG), Miguel Rodrigues, Barro Branco, Oratórios, Boa Cama (Acaiaca/MG), Boa Vista, Conceição Casa Nova, Carlos Dias (Viçosa/MG), Laje (Barro Branco/MG) e Loredo. A presença das comunidades Buieié e Volta da Capela representa o município de Viçosa no debate regional.
Parceiros e apoiadores também estiveram presentes. Entre eles estavam o INCRA, a Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), a União de Negros e Negras pela Igualdade (UNEGRO), o Movimento Negro Unificado (MNU), a Escola Família Agrícola Paulo Freire (EFAP) de Acaiaca/MG, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e o CEDEFES – Centro de Documentação Eloy Ferreira da Silva.
A realização do 1º Encontro da Rede SAPOQUI foi resultado da articulação e dedicação do Quilombo de Gesteira, da Rede SAPOQUI e do Conselho Griô da SAPOQUI, além do apoio das instituições e comunidades parceiras. O encontro reafirmou que a resistência quilombola é coletiva e que a união, a identidade e o fortalecimento comunitário são essenciais para a construção de autonomia, justiça e reparação.






Informações: Rede Sapoqui Viçosa