O site do Jornal O Tempo publicou na noite de ontem, segunda-feira (7) uma matéria onde alunos de universidades privadas administradas pelo Grupo Ânima fizeram manifestação pedindo a volta do ensino presencial. Um dos atos aconteceu no campus Estoril do Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), na noite desta segunda-feira (7), na região Oeste da capital mineira. Pedagogo entrevistado pela reportagem defendeu o ato dos alunos e ponderou que o ensino à distância é válido, desde que seja muito bem preparado.
"A nossa volta para a sala de aula estava prevista para acontecer em 21 de fevereiro. Só que recebemos email falando que o modelo híbrido permaneceria. Nós alunos questionamos os coordenadores de cursos e não tivemos retorno. Alguns disseram que se estivéssemos insatisfeitos deveríamos pedir transferência", conta a estudante de fisioterapia Larissa Teixeira, de 21 anos.
Cartazes e faixas foram levadas pelos alunos. "Educação não é mercadoria. Queremos aulas 100% presenciais. Formação online não", "Projeto híbrido é desleal". Os estudantes chegaram a fechar o trânsito, por cinco minutos, na avenida Mário Werneck, no sentido Centro.
A principal motivação para os atos é a indignação com o formato adotado desde o início da pandemia de Covid-19. "O sistema é falho, enfrentamos problemas quando fazemos as provas. Quando precisamos recorrer não temos suporte algum. Na minha turma tem vários alunos e nem sempre a dúvida é esclarecida como quando estamos presencialmente".
Em Viçosa, a Univiçosa já retornou com as aulas, estágios e supervisões integralmente presenciais. Em fevereiro, houve o retorno dos veteranos da instituição e nesta segunda-feira (07), a chegada dos novos calouros.
Indignação
Pelas redes sociais, os universitários também protestaram com a #desanima fazendo alusão ao nome do Grupo Ânima. "Mensalidades abusivas, comunicação horrível, ensino híbrido com valor de presencial. Educação não é mercadoria", escreveu uma usuária do Twitter.
Análise
O pedagogo João Valdir, da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), conta à reportagem que a relação histórica de aprendizagem no Brasil se deu pelo formato presencial e que houve uma mudança com a pandemia de Covid-19.
"Na educação básica é impensável o ensino à distância; em cursos superiores podem acontecer atividades muito produtivas, desde que o curso esteja preparado e com profissionais treinados. O que tivemos foram os cursos sendo convertidos de forma emergencial para o modelo à distância", afirma.
O educador apoia o ato dos alunos. "Os estudantes têm razão em protestar e querer a volta do curso presencial. A questão fundamental é analisar se o curso foi preparado e se conta com pessoal qualificado para o modelo à distância".
Posicionamento
O UniBH e a Una foram procuradas por O TEMPO. As instituições de ensino de BH, que são gerenciadas pelo Grupo Ânima, informaram que as aulas presenciais voltaram nesta segunda, "respeitando todas as diretrizes do Ministério da Educação". Ainda foi defendido a manifestação dos alunos: "característica da democracia".
"Ressaltamos ainda que o modelo acadêmico estabelecido pela instituição é inovador e incentiva o estudante a desenvolver competências que os preparam para os desafios reais da carreira", afirmou em um dos trechos da nota ao abordar o sistema utilizado para as aulas remotas.
Informações de O Tempo