Os Professores de rede particular de Belo Horizonte, Viçosa e de cidades da região central do estado (abrangência da CCT MG) vão paralisar, novamente, as suas atividades no próximo dia 1º de junho. A decisão foi tomada na assembleia do Sindicato dos Professores de Minas Gerais (Sinpro-MG) da última terça-feira (24) e o chamamento para a paralisação vale para todos os profissionais da rede de abrangência.
Na ocasião, os profissionais voltaram a rejeitar a proposta apresentada pelos donos de escolas. Além disso, entraram em Estado de Greve sinalizaram com a possibilidade de aderirem pararem por tempo indeterminado caso uma melhor proposta não seja apresentada até o dia da nova paralisação. A informação foi confirmada à nossa equipe de reportagem pelo professor e ex-vereador de Viçosa, Idelmino Ronivón.
Em Viçosa, o Sindicato dos Professores está organizando uma reunião para o próximo sábado (28), na sede do Sinpro, a partir das 09h30, para organizar a paralização. No entanto, é válido ressaltar que cada profissional tem o direito de decidir se acata ou não a decisão do Sinpro-MG.
A paralisação tem como objetivo, mais uma vez reivindicar a recomposição dos salários de acordo com a inflação. Os profissionais também buscam protestar contra a ameaça de o Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (SINEP-MG), retirarem direitos dos profissionais da educação.
Segundo o ex-vereador, se juntarmos o acumulado de 2020, 2021 e 2022 a inflação é de 23%. Ou seja, com isso, o trabalhador perdeu seu poder de compra em 23%.
“O sindicato patronal tem uma proposta de reajustar em 4% o salário para a educação superior e 5% para básica. Ou seja, os professores vão ter uma redução salarial se isso for cumprido”, disse Idelmino.
Segundo o IBGE, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), prévia da inflação do país, registrou em abril a maior variação em 27 anos. Enquanto isso, o valor das mensalidades escolares em Belo Horizonte, de acordo com levantamento do site de pesquisa de preços Mercado Mineiro, subiu em média acima de 10% no último ano.
Os professores reivindicam recomposição salarial de acordo com a inflação acumulada e um ganho real de 5%, manutenção dos direitos previstos na Convenção Coletiva, e regulamentação do trabalho virtual, entre outros pontos de valorização profissional.
Segundo o professor Idelmino, além do não pagamento de acordo com a inflação, o Sinepe MG propôs ainda a retirada das bolsas de estudo, que eles têm direito; retirada de férias de janeiro; e redução do percentual de serviço dos professores.
“A cada cinco anos o professor tem um adicional por tempo de serviço de 5%. Eles querem passar para 3%”, afirmou o professor.
Além disso, Idelmino cita que mesmo não reajustando os salários, os donos das escolas ajustaram as mensalidades de acordo com a inflação.
Durante a assembleia, a presidenta do Sinpro Minas também denunciou as práticas de assédio moral e intimidação aos professores, com o objetivo de desmobilizar a categoria. Algumas escolas chegaram a enviar e-mails aos docentes, pedindo a eles que dissessem por escrito por qual motivo iriam aderir à paralisação.
Em nota, o Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais afirmou que houve avanço nas negociações da assembleia de ontem e confirmou uma nova reunião para o dia 31 deste mês. Confira a nota completa:
"O encontro de hoje, no período da tarde, entre o SinepeMG e os representantes do SinproMG, transcorreu de forma madura. As partes interagiram, especialmente, ouvindo as considerações dos presentes de cada uma das respectivas entidades. Isto, no que diz respeito aos últimos eventos e às recentes tratativas envolvendo as reuniões próximas, realizadas pelas partes junto aos seus representados. No geral, houve alguns avanços de lado a lado, que ainda serão considerados, junto aos representados, para uma próxima reunião, entre o SinepeMG e o Sinpro/MG, agendada para terça-feira que vem, 31/05/2022, aqui na sede de nossa entidade.
O Sinepe, junto às suas representadas, entende que o momento, neste instante de retomadas, em que todos atravessamos um período de enormes superações, requer muita acuidade. Buscamos a valorização dos educadores, com o desenvolvimento constante e permanente de cada um deles, e acreditamos que a valorização dos profissionais da educação não diz respeito, tão somente, à questão remunerativa. Neste sentido, os acordos promovidos em Minas Gerais são aqueles que geraram mais benefícios concedidos pelas instituições de ensino particular aos seus colaboradores. E isto, quando comparados com os benefícios gerados nos acordos entre instituições similares e representativas em outros estados do país.
Reiteramos o compromisso do SinepeMG em desenvolver toda a comunidade educacional e em educar para a cidadania e para uma formação humana efetiva e integral de nossos estudantes, com uma gestão colaborativa e sustentável que continue evidenciando a reconhecida qualidade e a notória tradição da educação particular mineira.
O recente período, com a quebra de muitas instituições de ensino, com o desaparecimento de muitos empregos no segmento educacional, com o impacto econômico considerável sobre as receitas e os custos das instituições de ensino e sobre as remunerações dos profissionais de nosso e dos demais segmentos da economia, com a afetação do movimento dos negócios – diretos e indiretos – no entorno da educação particular e, por conseguinte, de todos os profissionais que atuam neles, há de se considerar, com muito zelo, cada passo neste processo, para que se preserve, especialmente, as fontes geradoras dos empregos e de grande parte do desenvolvimento (educacional, social, econômico, cultural e estrutural) de nossa sociedade: a sustentabilidade funcional de nossas instituições particulares de ensino. Estamos, mais uma vez, à disposição de todos, para quaisquer esclarecimentos."