Quem não se lembra do programa policial Aqui agora, do SBT/Alterosa, que foi ao ar durante anos? E mais ainda, do jeito único de Gil Gomes narrar as notícias? O repórter policial morreu na manhã desta terça-feira (16), aos 78 anos. Ele estava internado no Hospital São Paulo, na zona sul da capital paulista. Ainda não foram divuldas informações sobre velório e enterro. De acordo com a assessoria do centro médico, ele morreu em decorrência de um câncer.
O jornalista era casado com Eliana Izzo, sua segunda mulher, com quem teve duas filhas — Flávia e Nathalie. Antes dela, Gil ficou por 14 anos com a escritora Ana Vitória Vieira Monteiro. Juntos, eles tiveram três filhos: Daniel, Vilma e Guilherme — que morreu ainda jovem vítima de uma hepatite C. O jornalista também deixou quatro netos.
Gil Gomes se tornou um dos grandes nomes do rádio e da televisão brasileira por seu trabalho no jornalismo investigativo. O ex-repórter iniciou sua carreira na extinta Rádio Marconi, na década de 1960. Entre os anos 1991 e 1997, Gil conquistou o grande público na televisão ao integrar o time de repórteres do extinto Aqui Agora, programa do SBT/Alterosa.
AQUI AGORA
Para se diferenciar do jornalismo sisudo e bem comportado da Rede Globo, em 1991, o SBT/Alterosa criou o jornal diário Aqui Agora como um jornal popular no formato e na linguagem. Entre os convidados para integrar a equipe de locutores e repórteres do jornal estavam Gil aparecendo ao lado de Sônia Abrão, Celso Russomanno, Jacinto Figueira Júnior (o homem do sapato branco) e Wagner Montes, entre tantos outros.
Como o Aqui Agora dava ênfase a reportagens sobre acidentes graves e crimes, Gil teve um papel destacado: foi onde ele aprimorou o visual, a voz e o gestual que caíram no gosto do grande público e serviram de inspiração para os imitadores dos programas de humor.
Vestido quase sempre com uma camisa de cores berrantes, a mão direita empunhando o microfone e a esquerda gesticulando em horizontal como se alisasse o pelo de um cão, Gil narrava os fatos diretamente na cena do crime com sua voz arrastada e grave, que cresce em volume nos momentos mais dramáticos. Usava frases curtas, que às vezes nem chegava a completar. Nas entrevistas, não adotava uma posição neutra e chegava até a se emocionar diante das vítimas e explodia de indignação diante dos criminosos.
Sempre gostei de roupas de cores fortes e estampadas por causa da alegria que elas passam", comentou Gomes em 2011.
Em entrevista em 2011 ao jornal O Estado de São Paulo, Gil Gomes rememorou com saudosismo os tempos de televisão, em que diz ter trabalhado com "a seleção brasileira de repórteres". Da equipe do programa, destacam-se os jornalistas César Tralli e Sônia Abrão. "Quando eu falei do PCC pela primeira vez, chamaram de jornalismo lixo. O que eu falava naquela época está acontecendo agora", disse
O Aqui Agora fez tanto sucesso que passou mais tarde a ter duas edições diárias. Mas com o aparecimento de concorrentes, foi perdendo audiência e saiu do ar em 1997. Em 1998, Gil Gomes foi contratado pela TV Gazeta para ser repórter do Mulheres.
A Escolinha do Barulho foi ao ar pela Rede Record em 1999 quando a Rede Globo deixou de apresentar a Escolinha do Professor Raimundo e dispensou diversos atores cômicos do elenco, os quais a Record resolveu contratar para fazer um programa semelhante. Como inovação, em vez de um único professor, a Escolinha da Record teve quatro professores fixos: Dedé Santana, Miele, Bemvindo Sequeira e Gil Gomes.
Fonte: G1.