Em 2030, a população de idosos brasileiros vai ultrapassar a de 0 a 14 anos, pela primeira vez na história do País. A estimativa é o professor de geriatria da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais, João Carlos Barbosa Machado, que participou nesta quarta-feira de audiência da Comissão Extraordinária do Idoso da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). O encontro debateu o envelhecimento da população.
"Em muitas cidades do interior de Minas o crescimento de pessoas acima de 60 anos é maior do que o aumento da população total. Os países chamados de primeiro mundo tiveram ao longo de um século para lidar com o envelhecimento da população. No Brasil, teremos 14 anos para nos adaptar. Será bastante problemático”, alertou o professor.
De acordo com previsões do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Minas Gerais terá mais de oito milhões de idosos em 2050 - cerca de cinco milhões a mais do que em 2016. Os dados foram ressaltados durante audiência da Comissão Extraordinária do Idoso da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), nesta quarta-feira (6/7/16), que teve como objetivo debater o envelhecimento da população.
Machado também criticou o fato de que a política nacional em prol dos idosos, que inclui o Estatuto do Idoso, não é posta em prática, nem tem uma dotação orçamentária específica. “Velhice não é um problema, mas uma conquista. Precisamos lutar para que as pessoas envelheçam com dignidade. Mais de quatro milhões de idosos estão atualmente no mercado de trabalho por necessidade de complementar a renda. O número de cuidadores de idosos vão duplicar na próxima década e não há nenhuma legislação para eles. Só metade dos municípios mineiros possuem instituições de longa permanência para idosos. E quem paga essas instituições são os próprios idosos”, criticou.
O presidente da Comissão, deputado Isauro Calais (PMDB), destacou que as pessoas estão vivendo mais, mas sem qualidade de vida. “A cada quatro idosos, três têm algum tipo de doença crônica. Além disso, 30% dos homens mineiros nunca fizeram exame de próstata. Falta acompanhamento, responsabilidade do Estado. O idoso precisa ter condições de viver sozinho, se locomover com segurança, viver uma vida independente. Não é isso que temos hoje”, disse.