Uma nova ferramenta para o diagnóstico do câncer de próstata com a utilização apenas da urina do paciente. Essa é a inovação da patente que o professor da área de Química Analítica e ex-diretor do campus Rio Paranaíba da UFV, Frederico Garcia Pinto, acaba de registrar em parceria com pesquisadores do College of Medicine da University of Florida/Gainesville, FL, EUA.
A invenção, denominada Segmented flow Mass Spectrometry for Rapid biomarker Screening of Prostate cancer and its disease progression, traz uma promissora ferramenta a ser utilizada em análise clínica para o diagnóstico e monitoramento da progressão do câncer de próstata. Ela foi desenvolvida no Laboratório de Metabolômica, do professor Timothy J Garrett, do Department of Pathology, Immunology and Laboratory Medicine.
De acordo com Frederico Garcia Pinto, o câncer de próstata é o câncer mais comumente diagnosticado entre os homens norte-americanos. Já no Brasil, ele é o segundo mais comum entre os homens, atrás apenas do câncer de pele não-melanoma. Para se ter uma ideia da gravidade, em 2020, mais de 33 mil mortes devem ocorrer por câncer de próstata nos Estados Unidos. “Infelizmente, os diagnósticos atuais para solucionar esse grave problema de saúde apresentam inúmeras desvantagens e são significativamente inadequados para os diagnósticos”, afirma.
O exame de sangue do antígeno prostático específico (PSA), por exemplo, tem baixa especificidade, apresentando uma alta taxa de falsos positivos ou falsos negativos. Já as biópsias “são procedimentos desagradáveis que podem produzir várias complicações de saúde, como infecções, incontinência e disfunção erétil”. Além disso, “frequentemente perdem a detecção do câncer devido à heterogeneidade do tumor”.
A ferramenta desenvolvida por Frederico com os pesquisadores norte-americanos, por sua vez, utiliza um fluxo segmentado acoplado à espectrometria de massas de alta resolução (SF-HRMS) para a detecção de metabólitos na urina. Ela é baseada na espectrometria de massas em larga escala, técnica analítica para detectar e identificar moléculas de interesse por meio da medição da sua massa e da caracterização de sua estrutura química, tendo “a grande vantagem de ser uma amostragem não invasiva, utilizando urina”.
Frederico Garcia ressalta ainda que, pela urina, é possível “rastrear a dinâmica evolutiva e a heterogeneidade dos tumores e detectar a emergência muito precoce da resistência à terapia, doença residual e recorrência”. Com todas as suas vantagens, a expectativa é que a tecnologia produzida na patente “possa ser utilizada futuramente pelos médicos como uma ferramenta para o diagnóstico do câncer de próstata em substituição aos exames tradicionais”, destaca.
Mais detalhes sobre a patente podem ser obtidos no artigo Rapid Prostate Cancer Non-invasive Biomarker Screening Using Segmented Flow Mass Spectrometry-based Untargeted Metabolomics, publicado pelo professor da UFV e os pesquisadores da University of Florida.
Por UFV