Três estudantes músicos da Universidade Federal de Viçosa (UFV), admiradores da música popular brasileira, decidiram juntar seus talentos e há um ano e meio tocam em barzinhos e restaurantes da cidade. Essa é a curta e já marcante história da origem da banda Bossa Viçosa, vencedora do 3ª Festival Arthur Bernardes de Música de Barzinho.
O evento realizado pela secretaria de Cultura da Prefeitura de Viçosa, em parceria com Casa do Empresário e Associação de Bares e Restaurantes de Viçosa e Região (Abrevir) terminou no último sábado (12). Nas três noites de evento, a atmosfera musical tomou conta da praça Silviano Brandão, onde centenas de pessoas prestigiaram, dançaram e se divertiram com o ambiente de barzinho.
Cinco concorrentes se apresentaram no último dia do festival durante quatro horas de show. Alvinho Alves, Trio Travessia, Bossa Viçosa, Duo Brasil e Arthur Vinih, os melhores da etapa classificatória, foram avaliados por um corpo de jurados composto pelos músicos Nilton Santiago, Francisco Nascimento e Rogério Moreira Campos.
O resultado foi anunciado pelo produtor musical e organizador do evento pela secretaria de Cultura, Thomas Medeiros, junto com Murilo Pizato, representante da Casa do Empresário e Denis Francis, presidente da Abrevir. Alvinho Alves, de Congonhas, ficou na terceira colocação e foi premiado com R$500,00; Arthur Vinih, de Ponte Nova, levou R$1.000,00 pelo segundo lugar; e Bossa Viçosa, grande campeã do festival, foi premiada com R$1.500,00. Os prêmios foram oferecidos pela Abrevir e Casa do Empresário.
Ao saber do resultado, o vocalista da Bossa Viçosa, Guilherme da Matta, não encontrou palavras para expressar a emoção: "é difícil explicar o sentimento, pois a gente passa por tanta coisa, tanta dificuldade, e ter um espaço como esse é um privilégio". Sobre ter participado de um festival de música não autoral, o vocalista disse que se sentiu muito confortável. "Não temos pressa para compor música autoral. A MPB está bem representada. É o que gostamos de tocar e encaramos com muita naturalidade", revelou.
Da Matta é de Muriaé e estuda cooperativismo na UFV. Vinicius Medina, que tocou acordeão, cajon e percussão nas apresentações, estuda bioquímica na mesma instituição e é natural de Ubaporanga; já o o violonista Phellipe Oliveira é do interior de São Paulo e faz mestrado em Ciências Sociais, também na UFV. O trio toca junto desde 2015 e promete lançar uma página nas redes sociais para facilitar o contato com os novos fãs.
O segundo colocado, Arthur Vinih, veio de Ponte Nova para participar da competição e elogiou a abrangência regional do festival. "É importante mobilizar os artistas da região. Mais importante do que a premiação são os contatos que a gente faz, a troca de conhecimento, é uma energia muito boa", ressaltou. Essa é a segunda vez que Arthur Vinih participa do festival. Na primeira edição, em 2015, ele dividiu o primeiro lugar com a banda Samba Trio após empate técnico.
A experiência do cantor Alvinho Alves rendeu a ele a terceira colocação no pódio. Mesmo roco e com sintomas de virose, suas interpretações agradaram o público e os jurados. Vivendo de música há cerca de 20 anos na cidade de Congonhas, Alvinho avaliou como "fantástica essa iniciativa de prestigiar a classe dos músicos de barzinho" e elogiou o evento: "foi tudo perfeito, a organização, a sonorização, ficou impecável".
Thomas Medeiros, administrador do Centro Experimental de Artes e organizador desta edição do festival avaliou como positivo o resultado do evento e elogiou a qualidade musical dos artistas finalistas. Para ele, "espaços como este são de extrema importância para quem vive de música. Cheguei em Viçosa na década de 90 e a música me proporcionou minha carreira e minha permanência aqui", relatou.
O presidente da Associação de Bares e Restaurantes de Viçosa e Região (Abrevir), Denis Francis, está há seis meses à frente da associação e falou sobre a importância da parceria. "Essa oportunidade de termos alguns dos nossos associados participando, divulgando o nome da associação, é muito importante para nós. Diante desse momento de crise e retração da economia, temos que ser criativos e aproveitar as oportunidades", avaliou.
Para o secretário de Cultura, Patrimônio Histórico e Esportes, Paulo Roberto Cabral (Paulinho Brasília), o festival mostrou sua capacidade de trazer vida à praça. "Eventos como este, que revitalizam os espaços, serão cada vez mais constantes em nossa gestão", frisou Paulinho, que revelou que já planeja a realização de um festival de música com seletivas nos bairros e final com premiação no centro da cidades. Ele disse estar feliz com o sucesso do evento.