Próximo ao pico de contágio, estado de MG é excluído pelo governo federal de repasse de remédios fundamentais para UTIs
14 de julho de 2020

Com previsão da chegada ao pico de contágio do novo coronavírus na próxima quarta-feira (15), Minas Gerais ainda precisa lidar com o desafio de escassez de medicamentos para intubação de pacientes com Covid-19 em estado grave e de insumos para testagem.

A previsão de que o pico da doença vai acontecer em Minas no dia 15 de julho vem sendo estimada pela Secretaria de Estado de Saúde desde junho. No início da tarde desta segunda-feira (13), o Secretário de Saúde de MG, Carlos Eduardo Amaral, disse que a previsão é que tenhamos um "platô" -- uma estabilidade em um patamar alto -- e não um pico da pandemia no estado.

Na última semana, o estado ficou de fora da distribuição de remédios como anestésicos e bloqueadores neuromusculares, utilizados em UTIs, e ainda não recebeu os 500 mil testes PCR prometidos pelo Ministério da Saúde.

Os anestésicos e bloqueadores neuromusculares começaram a entrar em falta no mercado nacional após o aumento de casos graves de Covid-19. Os dois são primordiais para o processo de intubação de pacientes. O G1 mostrou, no mês passado, que alguns hospitais de Belo Horizonte já começavam a alterar protocolos em função da escassez destes medicamentos.

De acordo com o governo federal, 18 estados receberam 8 tipos de medicamentos, totalizando 806 mil unidades. Segundo a pasta, é realizado, diariamente, levantamento dos locais que estão com estoques zerados ou muito baixos para priorizar a distribuição dos insumos.

A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) disse o governo federal garantiu que Minas será "beneficiado em breve".

A SES-MG também confirma dificuldade para comprar estes insumos, mas nega que haja falta em hospitais da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), em que as aquisições e entregas de insumos e medicamentos são feitas por meio de fornecedores licitados e cadastrados.

Já no SUS-BH, a Secretaria Municipal de Saúde informou que conta com estoque para suprir a demanda do município. Disse também que já está em articulação com fornecedores e governos estadual e federal para que o desabastecimento seja resolvido.

Ainda de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, mais de 3 mil doses de ampolas destes medicamentos foram enviados para hospitais filantrópicos da capital credenciados da rede SUS. Entre as unidades contempladas estão a Santa Casa, o Hospital São Francisco e o Hospital Luxemburgo.

Por volta das 16h, o Ministério da Saúde disse que Minas Gerais aderiu ao processo de pregão. "Neste mecanismo, a intenção é proporcionar uma economia em escala e, desta forma, possibilitar a adesão de estados e municípios." Até esta segunda-feira (13/7), último dia para solicitações, 44 intenções de adesão da ata de preços foram registradas.

Hospitais devem informar estoques

Hospital Eduardo de Menezes — Foto: Herbert Cabral/TV Globo

Hospital Eduardo de Menezes — Foto: Herbert Cabral/TV Globo

Na semana passada, o governo de Minas publicou a deliberação determinando que todos os hospitais SUS informem, semanalmente, os estoques de medicamentos como sedativos, anestésicos, bloqueadores neuromusculares e substâncias usadas na intubação de pacientes que precisam de internação em leitos de terapia intensiva.

O objetivo desta comunicação é possibilitar “cooperação entre prestadores de serviço”, de forma que aquelas unidades de saúde que têm estoque de um determinado medicamento possam fornecer a outra que esteja com estoque zerado.

Testes enviados só servem para uma etapa do diagnóstico

Material de realização de teste RT-PCR, que detecta o novo coronavírus — Foto: Breno Esaki/Agência Saúde

Material de realização de teste RT-PCR, que detecta o novo coronavírus — Foto: Breno Esaki/Agência Saúde

Minas Gerais é o terceiro estado do país que foi mais contemplado pelo Ministério da Saúde com testes PCR, indicados para a realização de diagnóstico de Covid-19. Mas a última remessa de 500 mil unidades, que era aguardada na semana passada, ainda não chegou, segundo a Secretaria de Estado de Saúde.

Conforme informações do próprio Ministério da Saúde, os novos testes destinados ao estado são para fazer apenas uma das etapas do processo de diagnóstico, de extração, faltando a segunda etapa, que é de amplificação. Sem o kit completo, não é possível concluir o diagnóstico, nem ampliar a testagem.

Para contornar o problema, a SES-MG informou que adquiriu um quantitativo de kits de PCR para a realização de 150 mil exames. Mas só a primeira remessa destes kits, com 50 mil testes, já teria sido recebida e distribuída aos laboratórios há um mês e meio, em 26 de maio.

Outros insumos básicos têm faltado e comprometido a ampliação de testes em Minas, como o kit de coleta, que contém swab, uma espécie de haste flexível utilizada para fazer as coletas no nariz e tubos para produção de novos kits. Estes itens são de responsabilidade de aquisição do estado, mas o Ministério da Saúde garante que tem dado suporte à compra e que vai iniciar a distribuição semanal de de 200 mil kits de coleta.

Fonte: G1.

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