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PREFEITURA E UFV DISCUTEM ESTRATÉGIAS PARA AUMENTAR OFERTA DE ÁGUA EM VIÇOSA
8 de janeiro de 2015

Uma reunião envolvendo as administrações Municipal e da Universidade Federal de Viçosa (UFV) foi realizada, na manhã dessa quarta-feira (7), na Sala de Reuniões da Reitoria da UFV. O assunto em pauta foi a apresentação de algumas ações estratégicas para garantir o abastecimento de água durante períodos de longa estiagem, a exemplo do acontecido no ano passado, quando a cidade passou por medidas de contenção que levaram o município a decretar situação de emergência, com restrição para o uso de água potável pela população.

Iniciando os trabalhos, a reitora da UFV, Nilda de Fátima Ferreira Soares, fez um breve levantamento sobre a situação passada e propôs ações efetivas para evitar novos transtornos futuros. Na sequência, o prefeito de Viçosa, Ângelo Chequer, também falou da sua preocupação e enfatizou que a Prefeitura já tem projetos para aumentar a oferta d’água para a população, inclusive aproveitando melhor o potencial hídrico da região onde está instalada a Estação de Tratamento de Água da Violeira (ETA II).

Na oportunidade, o diretor presidente do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), Antônio Lima Bandeira, levantou a hipótese da construção de várias pequenas barragens ao longo da bacia do Ribeirão São Bartolomeu, numa parceria com os produtores ali instalados, onde cada proprietário faria a gestão de sua represa, inclusive com fins comerciais como área de lazer e turismo, enquanto preservaria a água.

Bandeira revelou também que o SAAE já tem projeto para aumentar a capacidade de armazenamento da ETA II, além da reforma e ampliação da rede de interligação à ETA I. As medidas serão tomadas para aumentar a capacidade de fornecimento e ao mesmo tempo reduzir as perdas de águas. Somado a isso, já foi solicitado ao Instituto Mineiro de Gestão das águas (IGAM), o aumento da outorga – instrumento legal que assegura ao usuário o direito de utilizar os recursos hídricos – da ETA II, que atualmente é de 90 l/s (litros por segundos) para 250 l/s, que é o máximo da outorga para o local.

Outras questões levantadas foram sobre o desassoreamento das represas da UFV e a descontaminação das que ainda recebem resíduos. Para estas ações, o diretor técnico de Água e Esgoto do SAAE, Édson Bhering, propôs trabalho semelhante ao que vem sendo feito na Lagoa da Pampulha, em Belo Horizonte, e se dispôs a apresentar, até a próxima semana, dados sobre o tipo de máquina utilizada e valor aproximado da obra para trabalho similar nas represas da Universidade. Porém, o diretor já adiantou que a obra para desassorear a segunda represa será altamente dispendiosa.

O chefe da Divisão de Água e Esgoto (DAG) da UFV, Rafael Bastos, enquanto defendia um decreto de Área de Preservação Ambiental para toda a extensão das nascentes da Bacia do São Bartolomeu como solução para a manutenção do potencial hídrico da região, disse que a UFV também já está trabalhando com ações estratégicas, como a construção de poços artesianos em determinadas áreas do campus universitário. Outro projeto da UFV para execução nos próximos seis meses é a construção de uma mureta de 50 cm de altura no contorno do vertedouro da barragem (em frente ao Supermercado Escola) o que aumentaria a capacidade de armazenamento naquela represa.

Para dar continuidade aos trabalhos, uma nova reunião foi marcada para o próximo dia 22, às 10h, também na Sala de Reuniões da Reitoria da UFV. Participaram também da reunião, a Pró-Reitora de Administração, Leiza Maria Granzinolli, e o Procurador Geral da UFV, Afonso Sérgio Corrêa de Faria.

Captação

No momento mais crítico da crise de falta de água em Viçosa, vivenciado pela população no segundo semestre do ano passado, o Ministério Público Federal se reuniu com a Prefeitura e a UFV. Foi acordado que o SAAE e a DAG não poderiam captar mais de 100 l/s da represa do Ribeirão São Bartolomeu e que deveria haver uma margem de segurança de 51 dias de abastecimento na cidade. Nesse momento, pelo fato de a UFV estar em período de recesso escolar, a DAG capta apenas 15 l/s, sendo que o SAAE capta os outros 85 l/s.

De acordo com o diretor técnico de Água e Esgoto do SAAE, Édson Behring, atualmente, as represas estão transbordando, mas isso não significa que elas estejam com grande volume de água armazenada. Isso porque a represa está assoreada – quando terra e detritos descem para dentro de um curso d'água, diminuindo a sua profundidade.

Outro alerta muito importante do SAAE é para que a população continue economizando água. De acordo com Édson, os índices pluviométricos dos últimos meses não estão de acordo com o histórico para o período.

– Nós precisaríamos daquela chuva de 15 a 20 dias direto, pois, desse modo, a chuva penetra no solo e vai para os lençóis freáticos. Porém, o que temos visto é essa chuva rápida, torrencial, que não gera grande efeito para nós. É uma água que vai embora rápido – explica.