O papa Francisco disse neste sábado que o Brasil atravessa um "momento triste" e confessou que provavelmente não visitará o país em 2017, como tinha sido cogitado sobre o roteiro de sua próxima viagem pela América Latina. O comentário sobre a situação política brasileira ocorreu durante a inauguração de uma estátua de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do país, nos Jardins Vaticanos, em Roma.
"Estou contente que a imagem de Nossa Senhora Aparecida esteja nos jardins. Em 2013, eu tinha prometido voltar ao Brasil. Não sei se será possível, mas, pelo menos, agora terei [a santa] mais perto de mim", disse o Papa. Em seguida, ele convidou as pessoas a rezarem "para que Nossa Senhora Aparecida siga protegendo todo o Brasil, todo o povo brasileiro, neste momento triste".
No último 2 de agosto, a agência de notícias Ansa divulgou que o papa havia escrito uma carta de apoio à ex-presidente Dilma Rousseff, que foi destituída do cargo há três dias, condenada no processo de impeachment por crimes de responsabilidade fiscal, as chamadas "pedalas fiscais".
Em declaração à Ansa, Dilma confirmou que recebeu a carta de Francisco, mas se negou a dar mais detalhes sobre o conteúdo da conversa. "Digo apenas que não foi uma carta oficial", afirmou a petista. "Não foi uma carta do papa em sua condição de representante do Vaticano. Não tem importância [o conteúdo]. Não é uma carta para ser divulgada", declarou.
Em maio, Francisco recebeu no Vaticano a atriz Letícia Sabatella, que lhe entregou um documento contra o impeachment de Dilma redigido pelo advogado Marcello Lavenére.
Dilma e o papa se reuniram em 2013, quando ele visitou o Brasil para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), no Rio de Janeiro, em sua primeira viagem internacional. Em fevereiro do ano seguinte, a petista esteve em Roma para a cerimônia que oficializou Dom Orani Tempesta como cardeal. Nascido na província de Buenos Aires, na Argentina, Jorge Mario Bergoglio tem ligação próxima a movimentos sociais na América Latina.