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HSJB EXPLICA ACUSAÇÕES DE RETALIAÇÃO A ENFERMEIRO DEMITIDO
24 de novembro de 2017

Funcionários do Hospital São João Batista (HSJB), estão cobrando da direção da unidade o pagamento de salários atrasados e melhores condições de trabalho. A crise se agravou na última segunda-feira (20), depois que o grupo fez uma manifestação na cidade e um enfermeiro foi demitido. Para os funcionários houve retaliação, mas o hospital nega.

O diretor administrativo da unidade, Sérgio Cardoso Pinheiro, confirmou ontem(23) o atraso no pagamento dos servidores e afirmou que medidas foram tomadas para que os vencimentos sejam regularizados ao longo do mês de dezembro.

Em relação à demissão, ele alegou que o enfermeiro foi afastado por denegrir a imagem da instituição nas redes sociais e não porque reivindicou direitos trabalhistas.

"Todos têm o direito de protestar contra algo que não lhes agrada, mas, da forma que foi conduzida a manifestação, ao invés de ajudar o hospital, acaba por prejudicar a imagem dele. O enfermeiro foi demitido por denegrir a imagem da instituição com coisas inverídicas postadas e não por causa da manifestação", explicou o administrador

O enfermeiro dispensado, William Douglas Cardoso, contou que, no dia 16 de novembro, foi realizada uma reunião entre a administração e os funcionários para informar que o pagamento referente ao mês de outubro não seria depositado neste mês devido a problemas financeiros na instituição.

"A situação dos atrasos nos salários já vem se arrastando desde o início do ano, com pagamento além dos prazos em todos os meses. Em novembro, piorou e a administração disse que só pagaria os funcionários em dezembro e, mesmo assim, não deu garantia. Manifestamos e acabei demitido, o que me deixa o sentimento de retaliação", afirmou.

Irregularidades

O enfermeiro do Centro de Terapia Intensiva (CTI) do hospital, Ramon Ferreira, disse que, além do atraso de salários, está também preocupado com uma situação que envolve o pedido de férias dos funcionários.

"Por lei, quando um funcionário vai entrar de férias, tem direito a receber um terço do benefício, mas o hospital nunca pagou isso. Acontece que o [departamento de] Recursos Humanos agora nos mandou um papel para a gente assinar como se tivéssemos recebido", informou.

Ferreira também disse que faltam materiais básicos e medicamentos na unidade e que a direção do hospital cobra por exames de alguns pacientes que dão entrada pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

"Alguns pacientes internados pelo SUS tiveram que pagar para fazer exames e procedimentos, assim como algumas medicações que os familiares tinham que comprar. São serviços que o hospital tem que arcar, mas os parentes estão comprando", relatou.

O diretor administrativo do hospital, Sérgio Cardoso Pinheiro, confirmou que a antecipação dos valores referentes a um terço das férias não vem ocorrendo. No entanto, afirmou que esses valores são pagos normalmente após o retorno do funcionário às atividades.

Sobre as cobranças em procediemntos do SUS, Pinheiro disse que os cobrados pela unidade não fazem parte daqueles com cobertura. Contudo, o diretor afirmou que o hospital busca auxiliar os pacientes que não têm condições de arcar com as cobranças, acionando equipes do Serviço Social e secretarias de Saúde das cidades de origem dos pacientes.

Insatisfação

“Nós, enfermeiros de nível superior, já estamos insatisfeitos, mas por terem mexido nas categorias mais frágeis, nossa revolta aumentou agora. São as pessoas que mais trabalham que recebem menos e agora passam por isso. Há setores que precisam ter dois, três enfermeiros e estão sem nenhum. Situações que necessitam de três ou quatro técnicos em enfermagem com um ou dois", afirmou.

O enfermeiro também questionou a política de transparência financeira do hospital e disse que funcionários foram forçados a fazer doações à unidade.

"Alguns meses atrás, a diretoria passou em todos os setores pedindo que as pessoas assinassem uma folha autorizando o desconto nas contas de água de uma doação para o hospital, de R$ 5 ou mais. Os funcionários foram quase que obrigados a fazer isso, mas a falta de transparência é tão grande que eles não nos informam o dinheiro que entra, não tem diálogo", relatou.

O diretor negou que haja pressão para que os funcionários façam doações ao hospital. Pinheiro declarou que as doações não são obrigatórias, embora ele considere razoável que os servidores contribuam, uma vez que a população está colaborando.

Fonte: G1 Zona da Mata