Com a chegada do inverno, a preocupação com doenças virais e respiratórias cresce e, especialmente durante a pandemia do coronavírus, a negligência da população com a prevenção pode encobrir condições cardíacas, como o infarto. De acordo com o Instituto Nacional de Cardiologia (INC), a estação aumenta em 30% o número de infartos no país. Em 2019, Juiz de Fora registrou 53 mortes pela condição entre junho e setembro.
Já durante o mesmo durante, no ano de 2018, 68 pessoas foram a óbito depois de sofrerem ataques cardíacos. Saiba como se cuidar e prevenir estas condições.
Em 2020, segundo o climatologista Ruibran dos Reis, o inverno será mais frio e úmido que em anos anteriores, apresentando temperaturas ligeiramente abaixo da média na Zona da Mata e no Campo das Vertentes.
Segundo a cardiologista Elizabeth Vital, as baixas temperaturas contribuem para a contração dos vasos da superfície do corpo, podendo provocar sobrecarga no sistema circulatório e aumentar os riscos de infarto.
"As doenças respiratórias também contribuem para este acréscimo de carga no coração", acrescentou.
Vital explica que as pessoas mais propensas a sofrerem um ataque cardíaco são os portadores de diabetes, hipertensão arterial e colesterol alto, além dos tabagistas e sedentários.
Já as pessoas que têm histórico familiar de cardiopatias também precisam ficar atentos aos sinais.
Cardiologista Elizabeth Vital explica a ocorrência de infartos no inverno — Foto: Elizabeth Vital/Arquivo pessoal
"O infarto é uma doença comumente associado a pessoas idosas. No entanto, as ocorrências entre os jovens adultos na faixa etária dos 20 aos 39 anos, vêm aumentando consideravelmente", detalhou. De acordo com o Ministério da Saúde, o aumento de ocorrências do tipo em jovens-adultos foi de 13% entre 2013 e 2019.
Em Juiz de Fora, conforme dados divulgados pela Prefeitura, dos 68 óbitos por infarto em 2018, 60 foram de pessoas com idade acima dos 55 anos.
Confira na tabela a seguir os dados de acordo com gênero e faixa etária.
Número de óbitos por infarto em 2018
Faixa etária | Masculino | Feminino | Total |
25-34 | 1 | 0 | 1 |
35-44 | 2 | 0 | 2 |
45-54 | 4 | 1 | 5 |
55-64 | 10 | 5 | 15 |
65-74 | 10 | 4 | 14 |
75+ | 14 | 17 | 31 |
Total | 41 | 27 | 68 |
Já em 2019, não foram registrados óbitos de pessoas com idade entre 35 e 44 anos. Das 53 mortes, 48 foram de indivíduos com idade acima do 55 anos.
Número de óbitos por infarto em 2019
Faixa etária | Masculino | Feminino | Total |
25-34 | 1 | 0 | 1 |
45-54 | 3 | 1 | 4 |
55-64 | 10 | 5 | 15 |
65-74 | 10 | 6 | 16 |
75+ | 9 | 8 | 17 |
Total | 33 | 20 | 53 |
Os principais sintomas de um infarto são dor forte no peito, com duração de 15 a 20 minutos, e com irradiação para os braços, estômago e mandíbula. Suor frio, náuseas, vômitos e sensação de aflição ou ansiedade também podem ser sinais da condição.
Diante deste quadro, é necessário o contato com o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), pelo número 192, ou com o Corpo de Bombeiros através do 193.
Elizabeth Vital reforça que, caso haja demora de mais de 20 minutos por parte das equipes de salvamento, o paciente deve procurar o serviço de emergência do hospital mais próximo.
"O tempo entre o início dos sintomas e o atendimento especializado deve ser o mais curto possível para que o tratamento seja iniciado o mais breve possível", explicou a cardiologista.
Durante o inverno, se manter agasalhado e protegido do frio é fundamental para evitar uma ocorrência de infarto.
Além disso, uma dieta adequada e o combate ao sedentarismo e ao tabagismo contribuem para a prevenção de ataques cardíacos, além de evitar estresse. Também é preciso utilizar corretamento os medicamentos de uso contínuo.
"[Também é importante] não deixar de consultar o seu médico, porque é muito importante manter a pressão arterial e os níveis de glicose e de colesterol controlados", completou Vital.
"Sem dúvida alguma", respondeu Elizabeth Vital, quando perguntada sobre a pandemia influenciar nos casos de infarto.
Além da situação atual ser preocupante e causar estresse, a cardiologista explica que as medidas de isolamento social estão dificultando as consultas e diagnósticos.
"Em virtude do receio de serem contaminadas pelo coronavírus, as pessoas têm retardado a ida aos setores de emergência dos hospitais e também reduzindo as consultas de controle, favorecendo os óbitos domiciliares. Estima-se que mais ou menos 50% dos pacientes deixaram de fazer o acompanhamento médico", finalizou.
O G1 entrou em contato com a Prefeitura de Juiz de Fora para mais informações sobre o preparo da rede pública para lidar com casos de infarto durante a pandemia. No entanto, até a última atualização desta reportagem, não houve retorno.
Fonte: G1.