Governo de Minas divulga protocolo para volta às aulas presenciais
1 de março de 2021

O Governo de Minas apresentou, nesta quarta-feira (24/2), os critérios de adequação a serem seguidos pelas escolas para atender ao novo protocolo de saúde para a volta às aulas presenciais no Estado. A ideia é que o retorno aconteça por meio de um modelo híbrido, mantendo o ensino remoto.

A deliberação sobre a volta às aulas foi aprovada nesta quarta-feira durante a reunião do Comitê Extraordinário Covid-19, grupo que monitora semanalmente a situação da pandemia no estado.

O retorno do ano escolar nas escolas da rede pública de Minas Gerais será no dia 3 de março. A volta às aulas será no dia 8 de março, a princípio, ainda restrita ao modelo remoto, em razão de decisão judicial em caráter liminar que impede o retorno de forma presencial, como explicou a secretária de Estado de Educação, Julia Sant’Anna.

"Existem algumas decisões liminares vigentes no Tribunal de Justiça que suspendem a atividade presencial. Mas as deliberações que o secretário de Saúde Carlos Eduardo anunciou e uma portaria que será publicada na próxima sexta-feira (26/2) atendem às sinalizações e às decisões do TJ, sempre nessa linha de que estamos dispostos a atender quaisquer esclarecimentos que possam surgir pela Justiça. O que se pretende agora com a publicação das normas é trazer tranquilidade aos desembargadores para a autorização da retomada plena e de forma híbrida”, afirmou a secretária.

Higiene e proteção

Para a retomada, as escolas deverão disponibilizar equipamentos de proteção e produtos de higiene para alunos, professores e funcionários, como dispenser com sabonete líquido, álcool em gel, máscaras reutilizáveis, copos descartáveis, papel toalha, luvas e lixeiras com tampa e pedal.

Bolhas

É recomendado às escolas a adoção de horários distintos de entrada e saída de diferentes turmas ou de criação de bolhas, com grupos de alunos de que não se cruzem.

Distanciamento

Nas ondas verde e amarela, haverá distanciamento mínimo de 1,5 metro entre os alunos. Como o tamanho médio das salas de aula da rede estadual é de 42 m², haverá, em média, 18 alunos em cada turma, a depender da configuração estrutural de cada sala.

Na onda vermelha, o distanciamento mínimo será de 3 metros entre os alunos, o que reduziria a média de alunos em sala para quatro, na rede estadual de ensino.

Critérios de preferência

Quando há mais interessados no retorno presencial do que o possível para a realidade daquela comunidade escolar, a instituição de ensino poderá usar critérios de preferência ou de não preferência, como: crianças pertencentes a grupos de risco; crianças que residam com pessoas de grupo de risco; famílias em condição de vulnerabilidade, principalmente aquelas já registradas no CadÚnico; crianças que residam com tutores sem companheiros, com necessidade de trabalho presencial para manutenção de renda familiar.

Suspensão das aulas

O protocolo do Estado cita possibilidades para a suspensão das aulas presenciais em uma sala de aula, em um turno, em uma escola ou mesmo em um município. Essa medida vai depender das ocorrências de casos.

Havendo mais de um caso de aluno com diagnóstico confirmado de covid-19 em uma mesma turma, toda aquela turma deve migrar para o ensino on-line. Havendo mais de uma turma suspensa em um mesmo turno, todo aquele turno migrará para ensino remoto. No caso de necessidade de suspensão de mais de um turno, toda a escola deverá migrar para ensino on-line temporariamente.

No tocante à atividade escolar de uma forma geral no município ou no estado, os gestores municipais e estaduais deverão observar os indicadores gerais para determinar se há ou não necessidade de suspensão parcial das aulas em municípios, regiões ou em todo o estado.

Municípios

A volta às aulas presenciais só será permitida em um primeiro momento aos municípios que estiverem nas ondas verde e amarela do Minas Consciente. Além disso, é necessária a adesão da prefeitura – ela apenas acontecerá nos municípios onde o retorno às aulas presenciais for autorizado pelo poder municipal, mesmo nas escolas estaduais.

Todas as escolas estaduais seguirão o protocolo e a estratégia educacional da Secretaria de Estado de Educação. No caso das instituições de ensino municipais e particulares, cabe a cada município avaliar se irá aderir ao protocolo estadual ou se a prefeitura desejará criar suas próprias regras para o funcionamento.

Monitoramento

Qualquer metodologia de retorno deve ser monitorada constantemente, para entender os impactos na situação epidemiológica, local e estadual. A principal fonte de monitoramento será o plano Minas Consciente, com indicadores que fomentam e subsidiam o debate de mais reuniões dos gabinetes de crise do estado, incluindo o Grupo Executivo do Minas Consciente e o Comitê Extraordinário Covid-19.

O Comitê Extraordinário Covid-19 é presidido pelo secretário de Estado de Saúde, o médico Carlos Eduardo Amaral. Conta ainda com o governador Romeu Zema, todo o secretariado do Executivo mineiro, representantes do Ministério Público do Trabalho, do Ministério Público de Minas Gerais, do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, da Defensoria Pública de Minas Gerais, do Tribunal de Contas do Estado, entre outros órgãos estratégicos.

Deputados

O relatório final do grupo de trabalho criado para elaborar o plano de retomada do ensino presencial em Minas também foi apresentado pelo governador Romeu Zema e pelo secretário de Estado de Saúde, por meio de videoconferência na tarde desta quarta-feira (24/2), aos deputados estaduais que compõem a Frente Parlamentar pela Reabertura das Escolas.

Coordenadora da Frente, que já conta com a adesão de 40 parlamentares, a deputada estadual Laura Serrano ressaltou a importância da elaboração do plano. Segundo ela, o estudo está alinhado com o objetivo do grupo de deputados em garantir a retomada gradual e segura das aulas.

“Hoje, a frente é a maioria da Assembleia e apoia a reabertura. E vimos que o direcionamento que o governo tem dado é pautado em dados científicos, nos estudos mais recentes de protocolos sanitários, de experiências bem-sucedidas de outros estados e países. Com tudo isso, a gente tem muita segurança para dizer que a reabertura com estes novos protocolos vai ser da forma mais segura possível, considerando a saúde de toda a comunidade escolar, alunos, professores e famílias”, afirmou Laura Serrano.

Especialistas das áreas de pediatria e neurodesenvolvimento defendem volta às aulas presenciais

Especialistas de entidades que participaram do Grupo de Trabalho criado pelo Governo de Minas para avaliar o retorno às aulas presenciais no estado consideram a volta possível e necessária, desde que os critérios de distanciamento e higienização sejam seguidos.

A conclusão foi feita com base em dezenas de estudos internacionais que apontam para o baixo índice de transmissão dentro das instituições de ensino. Os médicos também destacam a importância da aula presencial para o desenvolvimento de crianças e adolescentes.

O Grupo de Trabalho contou com representantes das secretarias de Estado de Saúde (SES-MG) e de Educação (SEE/MG), da Sociedade Mineira de Pediatria e da Associação Brasileira de Neurologia e Psiquiatria Infantil, além de ter a participação de entidades, associações e sindicatos de servidores como convidados.

Os resultados do estudo foram apresentados pelo Governo de Minas na última quarta-feira (24/2), juntamente com os critérios de adequação a serem seguidos pelas escolas para atender ao novo protocolo de saúde para a volta às aulas presenciais no Estado. A ideia é que o retorno aconteça por meio de um modelo híbrido, mantendo o ensino remoto.

Estudos internacionais

O secretário de Estado de Saúde, o médico Carlos Eduardo Amaral, destaca alguns exemplos internacionais analisados pelo grupo antes da decisão.

“Nos Estados Unidos tiveram estudos com 666 escolas que voltaram às aulas e, dessas, apenas em quatro houve transmissão secundária. Em Israel, de todas as escolas que estavam abertas no país, somente uma teve surto e durante investigação epidemiológica desta única escola, esse surto foi provocado porque não houve adoção de medidas sanitárias do protocolo definido. A conclusão, de uma forma geral, com o acompanhamento dos casos internacionais, é que as escolas não são, por si só, um ambiente em que haja transmissão importante de estudante para estudante ou de estudante para profissionais”, explica.

O Presidente da Associação Brasileira de Neurologia e Psiquiatria Infantil em Minas Gerais, Rodrigo Carneiro, um dos integrantes do Grupo de Trabalho que avaliou a volta às aulas em Minas, falou sobre o aspecto psicológico de crianças e adolescentes diante do isolamento e reforçou a importância de começar o retorno pelos primeiros anos do ensino básico.

“O cérebro tem janelas de oportunidade, nas quais se desenvolvem melhor algumas funções, e elas existem principalmente nos primeiros anos de vida. A escola não é só um local de aprendizagem formal e pedagógico, é um local de convivência e desenvolvimento humano. Se continuarmos com as crianças trancadas em casa podemos comprometer uma geração inteira. As janelas de oportunidade não voltam, principalmente nos primeiros anos. Além disso, as crianças e adolescentes estão sob um risco grande que é a sobrecarga digital, que vai trazer grandes fatores deletérios ao desenvolvimento. No Brasil todo ocorreu aumento de situações de irritabilidade, angústia, depressão e alteração do sono”, explica.

Carolina Capuruço, médica pediatra integrante da Sociedade Mineira de Pediatria, entidade que também integrou o grupo de debates sobre o retorno escolar, ressalta que as aulas presenciais não devem ser responsáveis por um aumento de casos, já que as crianças apresentam carga viral reduzida.

“Do ponto de vista epidemiológico, sabemos que as crianças não são os grandes disseminadores do vírus. Até 95% dos casos passam de assintomáticos a moderados e a mortalidade é de 1%. Diferente dos adultos, as crianças que agravam são aquelas com doenças preexistentes muito graves, e a decisão de voltar vai caber às famílias com a ajuda do médico que acompanha a criança. Quando fechamos as escolas era por medo de as crianças serem super disseminadoras da doença, como são para as retroviroses. Mas estudos no mundo inteiro mostraram que elas apresentam carga viral menor e menos possibilidade de transmissão”, defendeu.

O retorno do ano escolar nas escolas da rede pública de Minas Gerais será no dia 3/3. A volta às aulas será em 8/3, a princípio, ainda restrita ao modelo remoto, em razão de decisão judicial em caráter liminar que impede o retorno de forma presencial.

Fonte: Agência Minas

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