Minas espera vacinar todos os adultos até o fim de outubro
15 de junho de 2021

Minas Gerais espera aplicar pelo menos a primeira dose de vacina contra a Covid-19 em toda a sua população adulta até o final de outubro deste ano, se o Ministério da Saúde cumprir o cronograma divulgado pela pasta, de acordo com o governo estadual.

Na manhã desta terça-feira (15), durante coletiva de imprensa, o secretário de Estado de Saúde (SES-MG), Fábio Baccheretti, vai divulgar o cronograma de imunização conforme as faixas etárias.

Nas próximas remessas de imunizantes enviadas aos municípios mineiros, 70% do quantitativo serão destinados para os grupos por faixa etária e 30% para os prioritários, de acordo com o Programa Nacional de Imunizações (PNI), que ainda não tenham sido vacinados.

Até o momento, dos 17 milhões de mineiros com mais de 18 anos, 5,4 milhões já receberam ao menos a primeira dose. Ou seja, restam mais de 11,6 milhões de moradores do Estado a serem convocados para a vacinação contra a Covid até outubro, demandando mais de 23 milhões de doses, caso sejam aplicadas vacinas diferentes da Janssen (a única que imuniza com apenas uma dose). Portanto, para atingir a meta, o ritmo de vacinação, que hoje é de 48 mil doses por dia no Estado, teria ao menos que dobrar.

De acordo com o cronograma do Ministério da Saúde, entre julho e setembro, ao menos 17,5 milhões de vacinas devem chegar a Minas, mas boa parte dessa remessa deve ser dedicada a segundas doses de quem já tomou as vacinas da AstraZeneca ou da Pfizer. Outras 29 milhões de doses estão previstas para o Estado entre outubro e dezembro.

O anúncio do cronograma de vacinação em Minas acontece dois dias após a divulgação do planejamento pelo governo de São Paulo. O Estado vizinho pretende aplicar ao menos uma dose em toda a população adulta até 15 de setembro.

Epidemiologista e professora da Escola de Enfermagem da UFMG, Deborah Malta explica que a população deve ter consciência de que as vacinas são distribuídas proporcionalmente aos Estados e que a velocidade da vacinação depende muito mais das entregas do Ministério da Saúde do que do planejamento regional.

“Se é factível para São Paulo, é para todos os Estados. Não tem governador que vai sair na frente. Vai ser tudo distribuído proporcionalmente. Pode ser que lá na frente algum Estado consiga fazer as suas compras de vacinas, mas essa possibilidade ainda é nebulosa”, diz a professora, lembrando que o governo federal demorou muito para adquirir vacinas contra a Covid e, por isso, o Brasil só imunizou com duas doses 11,2% de seus 211 milhões de habitantes.

Mesmo que a distribuição seja proporcional conforme a população, alguns Estados, como Maranhão e Ceará, parecem mais avançados na vacinação do que outros. Em São Luis, por exemplo, estão sendo vacinados jovens com 29 anos – mas vale lembrar que o Maranhão recebeu 300 mil doses extras para evitar uma possível propagação da cepa indiana.

O epidemiologista José Cássio de Moraes explica que diferentes fatores fazem com que a vacinação pareça mais avançada ou atrasada em diferentes Estados e municípios. “A velocidade varia conforme as estratégias de cada lugar. Quem se preocupou em fazer uma apuração mais detalhada na vacinação de pessoas com comorbidades, demorou mais. Já quem não se preocupou com a documentação ou já abandonou esse grupo parece ser mais rápido. Quando se vacina por idade, basta um documento com foto para comprovar a data de nascimento”, explica.

O especialista também afirma que o ritmo de vacinação depende de qual imunizante está sendo mais usado em um determinado momento. A Coronavac, que demanda segunda dose entre 15 e 28 dias, permite uma imunização mais rápida do que a AstraZeneca, cuja segunda dose é aplicada após um intervalo de três meses.

O cronograma apresentado pelo Estado de São Paulo é possível de ser realizado se as doses realmente chegarem conforme o planejamento do Ministério da Saúde, de acordo com Krerley Oliveira, que é coordenador do Painel da Vacinação do projeto ModCovid19/USP e professor do Laboratório de Estatística e Ciência de Dados da Universidade Federal de Alagoas (Ufal).

Segundo o painel, o país também precisa crescer no número de vacinas aplicadas diariamente. Neste momento, aplicando cerca de 460 mil primeiras doses e 126 mil segundas a cada dia, o Brasil só conseguiria imunizar 80% de sua população adulta até o dia 13 de agosto de 2023.

O site ainda mostra que o país vai precisar de 30 milhões de doses da AstraZeneca em agosto. Mas somente cerca de 40 milhões do imunizante devem ser entregues entre julho e setembro, conforme previsão do Ministério da Saúde.

O Tempo

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