Hidrelétrica na Cachoeira Grande pode fazê-la secar; moradores criam associação de defesa
1 de dezembro de 2021

No último sábado (27), os moradores da zona rural de Papagaio e Cachoeira Grande, em Canaã, atenderam o convite de um dos moradores e a realizaram uma reunião para discutir a construção de uma central hidrelétrica na Cachoeira e os impactos para a beleza natural do local, o desenvolvimento do turismo, e as consequências para os moradores locais, para a região e para o meio ambiente.

A comunidade convidou o professor Gumercindo Souza Lima, do Departamento de Engenharia Florestal, da UFV, para orientar a comunidade sobre os impactos e como se organizarem para defenderem a Cachoeira e participarem ativamente do processo de licenciamento ambiental. A Comunidade solicitou também o apoio técnico, jurídico e operacional do NACAB – Núcleo de Assessoria às Comunidades Atingidas por Barragens, ONG ambientalista sediada no município de Viçosa.

O professor esteve presente nesta quarta-feira (01) no Jornal da Montanhesa e fez esclarecimentos sobre a situação do local. Segundo ele, o desejo de construir uma hidrelétrica no local vem já há algum tempo. Isso porque, em 1996 uma empresa tentou construir uma central hidrelétrica, mas não obteve sucesso. No entanto, agora, uma empresa chamada Jequeri Energia S.A fez uma solicitação de licenciamento ambiental para construir a hidrelétrica no local e preocupa os moradores da região.

Segundo Gumercindo o projeto captar água acima da cachoeira e transferir ela através de um tubo até uma casa de força irá a cachoeira vai secar.

"Não terá água o suficiente para manter a água necessária para a queda e ela deixaria de existir", afirmou o professor.

Ainda segundo ele, empresa já solicitou 100% da água que pode ser retirada do Rio Santana, que é o rio que forma a Cachoeira Grande. Ou seja, os agricultores que utilizam da água desse rio também estarão comprometidos.

Além do professor Gumercindo, esteve presente no Jornal da Montanhesa a Marlei Viana, presidente da Comissão de Moradores da Cachoeira Grande. Segundo ela, a comunidade está apreensiva com os danos que podem ser causados na região. Por isso, irão andar de casa em Os moradores contam com o apoio do professor e irão andar de casa em casa para informar todos e irão criar grupos nas redes sociais para pedir ajuda pela cachoeira.

A reunião do último sábado

A reunião contou com a presença de 30 agricultores e moradores locais. O Professor Gumercindo deu esclarecimentos sobre o Projeto e ressaltou os prejuízos para a região e para a Cachoeira, E na discussão a comunidade identificou a detecção de vários impactos de altíssima importância e gravidade. Por exemplo:

  • retirada de água da Cachoeira (a empresa proponente propõe deixar para a cachoeira apenas 50% da vazãoq7-10, que significa o volume correspondente metade da vazão média dos 7 dias mais secos dos últimos dez anos);
  • A obra da casa de força para geração de energia, seu ancoramento nas duas margens do rio, as tubulações, os pátios, o desmatamento das margens e as linhas de transmissão destruirão por completo a beleza paisagística da Cachoeira Grande e comprometerá de forma irreversível o turismo na região;
  • A perda da nuvem de umidade gerada pela queda d`água que beneficia a vegetação das margens e as lavouras abaixo da queda.
  • No projeto atual haverá um pequeno barramento acima da Cachoeira, mas no projeto original havia um grande barramento de água, prejudicando e desapropriando vários moradores locais e não garantias de que após a construção da central hidrelétrica que a empresa não queira novamente restaurar o projeto de barramento anterior. Esse barramento, caso haja um rompimento futuro, poderia provocar sério desastre natural, podendo levar a morte de pessoas e animais que estiverem próximo ao rio, abaixo da Cachoeira.
  • A Empresa para gerar energia elétrica deverá ser dona de praticamente toda a outorga de água do Rio Santana, não sendo possível aos agricultores e moradores ribeirinhos solicitarem autorização para pequenas irrigações.

A Superintendência de Regularização Ambiental, da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, sediada em Ubá, já negou por duas vezes o licenciamento ambiental desse empreendimento. Mas, a empresa estará entrando em breve com novo pedido e tem buscado apoio político na região para viabilizar o empreendimento que destruirá o maior patrimônio natural da região da nossa região.

O NACAB – Núcleo de Assessoria às Comunidades Atingidas por Barragens, dará assessoria técnica e jurídica gratuita para a comunidade.

Na reunião do dia 27/11, a comunidade criou a Comissão local para interlocução junto a Superintendência de Regularização Ambiental e a Empresa proponente. A Comissão chamada, estará sendo registrada em Cartório como nome de “Associação de Moradores e Amigos da Cachoeira Grande – AMA Cachoeira Grande” e estará aberta a todas as pessoas interessadas em participar na luta pela defesa da Cachoeira Grande. A professora Marlei Viana, nascida às margens da Cachoeira Grande foi eleita Presidente da Comissão.

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