Em Viçosa, homicídios cresceram 37% em 2023
5 de fevereiro de 2024

O informativo destacou os bairros com maior incidência dos homicídios. Em primeiro lugar está Nova Viçosa, com 7 homicídios. Em segundo lugar aparece o Bom Jesus.

De acordo com a comparação realizada pelo jornal Tribuna de Minas, a partir de dados fornecidos pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), o número de vítimas de homicídio aumentou em 37%, comparado ao ano de 2022.

Ainda a partir dos dados da Sejusp, o jornal constatou ainda que, numa comparação de 5 anos, o número de casos do crime mais que dobrou. Em 2019, 15 ocorrências de homicídio consumado foram registradas; já em 2023, o total foi de 33.

Esse crescimento alarmante é acompanhado de duas outras constatações que chamam atenção. Nesse mesmo comparativo realizado, foi relevado que o número de crimes violentos caiu em 20%. Além disso, o levantamento também destaca que as causas desse aumento ainda são, em grande parte, desconhecidas pela cidade.

Não há uma uma resposta concreta que justifique o porquê do aumento tão expressivo mesmo num panorama de queda de outros crimes violentos em Viçosa. A Tribuna de Minas entrevistu tanto a Polícia Militar como a Polícia Civil da cidade para entender a fundo as informações que se têm até o momento.

Com a PM, o jornal coletou que, dos 33 homicídios, 14 têm causa desconhecida. Sobre esses casos, o professor Battela comenta sobre como essa problemática da falta de identificação pode estar relacionado a outros problemas, bem como destaca o risco para aumento da violência em reação ao sentimento de impunidade.

Grande parte dos homicídios no Brasil não são elucidados, e isso demonstra uma fragilidade no tocante às investigações e tecnologia. A não resolução de crimes aumenta o sentimento de impunidade, o que se torna um convite para mais pessoas se sentirem confortáveis para cometer atos delituosos [...]. Isso faz com que as pessoas mudem suas práticas de saírem a rua, investir em equipamento de segurança e também na estigmatização do outro – que passa a ser visto como uma ameaça em potencial

Já a Polícia Civil, o jornal questionou se a corporação trabalhava com a possibilidade de execuções, devida ao porte de arma em via pública, a brutalidade dos casos e o número atual da Polícia Militar de 4 ocorrências por ação de gangues e facções criminosas.

Em resposta, a PCMG afirma que investigações ainda estão sendo conduzidas e que é cedo para fazer afirmações, já que estas podem interferir com o progresso da apuração. "O sigilo necessário e imprescindível para a apuração dos casos impossibilita a divulgação de informações relacionadas aos crimes”, disse o delegado regional, José Donizetti.

Outros dados significativos

O levantamento apontou que dos 33 casos, 32 tiveram uma arma de fogo como instrumento para consumar o crime. Além disso, o informativo destacou os bairros com maior incidência dos homicídios. Em primeiro lugar está Nova Viçosa, com 7 homicídios. Em segundo lugar aparece o Bom Jesus.

Diante desses dados, Battela comenta ainda sobre o risco do argumento armamentista os impactos na dinâmica territorial que um aumento como o visto no bairro Nova Viçosa causa, de 0 em 2022 a 7 ocorrências registradas em 2023.

Há um consenso entre quem discute segurança pública que nos últimos anos nós experimentamos uma concepção de enfrentamento da violência muito equivocada, em que mais armas traria mais segurança

Com a abordagem armamentista, segundo ele, mais armas foram parar nas mãos de pessoas sem treinamento, o que aumentou inclusive a possibilidade de elas serem subtraídas por criminosos.

A repercussão do crime gera um sentimento de insegurança social, ele diz, conforme tece diálogo com outros aspectos desses assassinatos. “A arma de fogo em via pública em trocas de tiros ou no cometimento de homicídios torna o espaço uma terra sem lei, isso aumenta muito a sensação de insegurança da comunidade. A experiência de presenciar um ato de tamanha gravidade como o homicídio é um trauma individual e coletivo

Como respondem as autoridades

Vale destacar que em outubro de 2023, o então Comandante da PM de Viçosa, Tenente Coronel Ricardo Schafer, esteve presente em uma das reuniões ordinárias da Câmara para destrinchar o que estava sendo feito para contornar a situação.

Na ocasião, medidas como maior integração entre Polícia Civil, Polícia Militar e Ministério Público, bem como aumento de videomonitoramento com uso de inteligência artificial foram citadas. O Primeiro A Saber segue apurando os avanços dessas ações e seus resultados.

Informações por Tribuna de Minas

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