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Projeto da Engenharia Civil leva inovação e cor a comunidades de Viçosa
27 de junho de 2025

Iniciativa transforma resíduos em tintas sociais, beneficiando habitações e o meio ambiente local.

Um projeto de extensão do Departamento de Engenharia Civil (DEC) da Universidade Federal de Viçosa (UFV) desenvolve e distribui tintas imobiliárias sustentáveis para comunidades de Viçosa e sua microrregião. A iniciativa, denominada ColorINDO: A Transformação Social por Meio da Pintura de Casas, utiliza resíduos do beneficiamento de rochas ornamentais como matéria-prima principal. O projeto é coordenado pelo professor Leonardo Gonçalves Pedroti e recebe financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).

Desde sua implementação em 2023, o projeto já beneficiou cerca de 90 pessoas, com a pintura de residências e espaços coletivos em comunidades previamente mapeadas. O objetivo do ColorINDO é pintar dois mil metros quadrados de paredes. Para isso, promove capacitações para moradores das comunidades sobre a produção e aplicação das tintas econômicas. Antes da execução prática, a equipe realizou pesquisas para desenvolver uma tinta que atendesse às normas técnicas e padrões de uso.

A equipe de pesquisa investigou diversas misturas de tintas à base de resíduo de rochas ornamentais, utilizando resíduo (pigmento), água (solvente) e resina poliacetato de vinila-PVA (ligante). A produção das tintas seguiu um modelo experimental baseado em um delineamento estatístico de misturas. O produto final foi avaliado quanto ao poder de cobertura, rendimento, razão de contraste, resistência à abrasão e viscosidade. Foram produzidos 960 litros de tinta a partir de quase uma tonelada de resíduo coletado em marmorarias da microrregião de Viçosa.


Redução de Impactos Ambientais e Melhoria da Saúde

A pesquisa com tintas que utilizam adições de resíduos tem sido conduzida pela equipe do professor Leonardo Pedroti desde 2017. Este trabalho já gerou dissertações e teses no Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil da UFV, publicações em periódicos e apresentações em congressos. Em 2023, uma patente foi concedida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). O interesse na área se relaciona à redução do impacto ambiental gerado pela indústria do beneficiamento de rochas ornamentais. A transformação desses resíduos em produtos para a construção civil, como as tintas sociais, representa uma alternativa ao descarte.

Além de diminuir os danos ambientais, as tintas desenvolvidas contribuem para evitar a precariedade observada em muitas habitações brasileiras, onde a pintura e a manutenção são, por vezes, negligenciadas. A falta de pintura ou a aplicação inadequada pode gerar problemas nas construções, afetando a saúde da comunidade. O objetivo das tintas sociais é proporcionar um produto sustentável para paredes externas e internas, prevenindo desconforto e futuros problemas estruturais, como infiltrações e proliferação de fungos e bactérias.

Para a aplicação das tintas, pesquisadores e estudantes do projeto contataram as comunidades, colheram relatos dos moradores e identificaram as principais patologias nas edificações. Com base nesse diagnóstico, foram realizados workshops e capacitações sobre a importância do acabamento adequado e sobre como produzir e aplicar as tintas sociais. A equipe do ColorINDO busca ensinar o modo de preparo e a aplicabilidade das tintas aos moradores e interessados, visando a continuidade dos resultados do projeto. Também houve distribuição de cartilhas com orientações técnicas e, em alguns casos, a formação de mutirões para a produção e aplicação das tintas.


Benefícios e Apoio ao Projeto

Uma das beneficiadas pelas ações do ColorINDO foi Neuza do Nascimento Caetano Gonzaga, moradora do Conjunto Habitacional Coelhas 2, em Viçosa. A pintura renovou a fachada de sua residência, que abrange uma área de aproximadamente 88 metros quadrados. No mesmo conjunto habitacional, um espaço multiuso, destinado a cursos profissionalizantes, também recebeu pintura. Para este espaço, inicialmente, foram utilizados cerca de 40 litros de tinta para uma área de aproximadamente 100 metros quadrados. A repercussão positiva resultou em uma segunda ação no local, com a pintura de mais 120 metros quadrados. O professor Leonardo Pedroti afirma que o trabalho reforçou a colaboração comunitária e o uso de tintas sustentáveis.

A Comunidade Terapêutica Renascer, na zona rural de Ervália, também recebeu um trabalho de pintura interna e externa, com a utilização de 280 kg de resíduo.

A equipe do ColorINDO é composta pelo professor Leonardo Pedroti, pelos professores do DEC, Maria Cláudia Sousa Alvarenga e José Maria Franco de Carvalho, pela professora do Departamento de Arquitetura e Urbanismo (DAU), Beatryz Cardoso Mendes, pelas doutorandas Ariel Miranda de Souza e Hellen Regina de Carvalho Veloso Moura, pelo professor Ricardo André Fiorotti Peixoto da Universidade Federal de Ouro Preto, e por estudantes bolsistas e voluntários dos cursos de graduação e pós-graduação em Engenharia Civil e Arquitetura e Urbanismo. A ex-doutoranda do DEC, Márcia Maria Salgado Lopes, também integrou a equipe.

O professor Leonardo destaca o apoio da Fapemig, do DEC, do DAU e da Rede Mineira de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação. Ele também ressalta a contribuição do Laboratório de Materiais de Construção (LMC), do Grupo de Pesquisa em Sustentabilidade e Inovação na Construção (Sicon) e dos estudantes da graduação.

Interessados em obter mais informações ou as tintas podem contatar pelo e-mail leonardo.pedroti@ufv.br.

Informações: UFV