A reunião sobre o tempo integral na ESEDRAT aconteceu a partir de um requerimento de pais e responsáveis para o retorno do tempo regular.
Na noite da segunda-feira (27), no Plenário da Casa Legislativa, aconteceu a reunião aberta da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia, presidida pelo Vereador Bartomélio Martins (Professor Bartô) (PT). A reunião teve como pauta a discussão sobre o tempo integral na Escola Estadual Doutor Raimundo Alves Torres (ESEDRAT), a partir de um requerimento de pais e responsáveis para o retorno do tempo regular.
A Vereadora Marly Coelho (PSC), secretária da Mesa Diretora e membro suplente da Comissão de Educação, esteve presente. A Mesa dos trabalhos foi composta por Rosane Name dos Reis Fialho, superintendente regional de ensino de Ponte Nova; Paulo Grossi, diretor estadual do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE Viçosa); e Sandra Cabral, mãe da aluna Letícia Cabral (do 3º ano da ESEDRAT). Além disso, os alunos Lara Vitória, Julia Martins, Daniela Freitas e Gabriel Veloso, ambos estudantes do ensino médio no colégio, foram acolhidos pelo Vereador Professor Bartô e convidados a sentarem-se na mesa ao centro do Plenário.
A primeira a discursar foi Sandra Cabral, que afirmou ter participado de todas as reuniões para implementação do tempo integral na ESEDRAT e percebe um abismo entre o que foi prometido e o que está sendo entregue pelos serviços educacionais. “Nós não somos contra o ensino integral, mas sim contrários a forma como essa discussão está sendo feita, algo que está prejudicando nossos filhos”, disse ela, representando o posicionamento dos pais e responsáveis. Sandra demonstrou preocupação também com a alimentação e com a saúde mental dos jovens, uma demanda que foi reforçada pelos estudantes que se manifestaram, em seguida.
Paulo Grossi, diretor estadual do Sind-UTE/MG, seguiu a mesma linha e criticou essa política estadual de educação. “Infelizmente, é importante que se diga que nós, enquanto representantes, não estamos sendo ouvidos. Toda a comunidade educacional não está sendo ouvida, ao contrário das instituições do setor privado. Além do mais, as medidas que têm sido tomadas são totalmente antipedagógicas.” Ele finalizou apontando dados que demonstram como a implementação do projeto acaba prejudicando os estudantes mais carentes do Município.
A Superintendente Regional de Ensino de Ponte Nova, Rosane Fialho, contextualizou a discussão e chamou atenção para a importância de se manter “um diálogo respeitoso, com uma discussão madura, em que os pontos são colocados com responsabilidade”. Ela afirmou ainda estar buscando o que é melhor para a comunidade escolar: “A realidade é diferente nas escolas. Eu posso citar exemplos de colégios onde os estudantes estão transformando o ensino médio em uma escola de tempo integral, como Abre Campo/MG e Ponte Nova/MG, casos onde as coisas estão caminhando de forma muito tranquila. Temos outras escolas que estão com as mesmas preocupações apresentadas pela ESEDRAT, não só na aplicação dentro das turmas que já existem, mas principalmente por ser a única escola do Município a ter esse modelo integral e vem trazendo algumas questões. Se não estão dando certo alguns pontos, a gente tem que verificar o que compete à escola, o que compete à Superintendência Regional de Ensino e o que compete à Secretaria de Educação. A implementação do tempo integral está embasado no que prevê o Plano Nacional e Estadual de Educação. Não estamos em lado opostos, nossos objetivos são os mesmos, que o aluno se matricule, permaneça na escola e aprenda, tendo a opção de escolher ou não o tempo integral”, afirmou Rosane.
Após essas exposições, foi aberto para a participação do público presente, formado por pais, responsáveis, familiares, estudantes e egressos do colégio. As falas caminharam no mesmo sentido e trouxeram inquietações em relação à autoestima dos alunos e alunas, a qualidade do ensino, a capacidade estrutural do colégio, o apoio de profissionais de Nutrição e Psicologia, a formação dos professores e o alinhamento do corpo pedagógico, bem como dos servidores envolvidos. Afinal, além da dinâmica de fazer essa adaptação pedagógica em meio às consequências da pandemia, há o desafio de repor o tempo de greve, gerando uma grande angústia em toda a rede educacional da ESEDRAT. Uma das mães relatou que “a filha estava vendo o colégio como uma prisão". Vale pontuar também que, dentre as participações, uma outra mãe disse que seu filho, “está extremamente satisfeito” e outra servidora manifestou que visualiza potencialidades positivas e convidou os presentes a levantarem a escola, por meio desse projeto.
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