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Pesquisadores da UFV detectam temperatura recorde na Antártica
17 de fevereiro de 2020

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Pesquisadores da UFV acompanham, há quase 20 anos, as mudanças no clima na Antártica. Entender o que se passa no continente gelado é fundamental para o estudo dos impactos das mudanças climáticas. Na semana passada, na unidade de monitoramento do Brasil na Ilha Seymour, no Mar de Weddell, eles detectaram o recorde histórico de 20,75°C. É a maior temperatura já registrada num dos lugares mais gelados do planeta.

O evento climático extremo acende mais um alerta vermelho nas mudanças do clima global e gerou uma grande repercussão na imprensa. Os professores Carlos Ernesto Schaefer e Márcio Francelino, ambos do Departamento de Solos da UFV e responsáveis pela detecção da temperatura extrema, foram fontes de entrevistas em diversas mídias tais como o Jornal NacionalGlobo NewsEstadãoFolha de São PauloO GloboEstado de MinasRevista ExameIsto éThe GuardianWashington Post, BBC, France Press, entre outros.

Há quase 20 anos, professores e pesquisadores dos departamentos de Solos, Engenharia Agrícola e Biologia Vegetal vão à região sempre durante o verão antártico para realizar pesquisas no permafrost, as camadas do solo permanentemente geladas. Mas o aumento da temperatura no continente gelado poderia ter sido detectado nos laboratórios da UFV. É que, em 2011, os pesquisadores instalaram uma rede de 28 sistemas de monitoramento da temperatura e umidade do solo e do ar na Antártica e em regiões geladas dos Andes no Equador, Argentina e Chile. Os dados meteorológicos detectados pelo sistema são enviados via satélite. A instalação dos equipamentos em locais distantes da base de pesquisadores na Antártica foi a maior campanha de pesquisa terrestre já registrada no continente gelado da Antártica, desde o início do Programa PROANTAR - Brasil, em 2002. O sistema instalado e monitorado pela UFV é a maior rede mundial de monitoramento da camada ativa do permafrost.

O professor Márcio Francelino, que está na Antártica dede o início do mês, explica que o acompanhamento da dinâmica do permafrost é importantíssimo para o monitoramento das mudanças climáticas. “Se ocorre aquecimento, o permafrost se aprofunda, e se ocorre resfriamento, ele chega mais próximo da superfície. Isso o torna um eficiente sensor das variações do clima e nos permite modelar o que pode acontecer por aqui”. Outros estudos avaliam a emissão de gases de efeito estufa nas áreas livres de gelo, principalmente naquelas que vêm sendo recentemente expostas com o recuo das geleiras.

Terrantar

Os pesquisadores da UFV que realizam estudos na Antártica integram o Núcleo Terrantar, criado em 2002. Em 2010, vinculou-se ao Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia da Criosfera, grupo que tem a participação de outros oito laboratórios e reúne mais de 80 pesquisadores de várias regiões do Brasil e de outros países.

Atualmente, os trabalhos de pesquisas desenvolvidos pelo grupo de Viçosa são realizados por dois projetos: o Terrantar, coordenado pelo professor Marcio Rocha Francelino, e o Permaclima, coordenado pelo professor Carlos Ernesto Schaefer.

As pesquisas realizadas pela equipe da UFV na Antártica já geraram um precioso banco de dados de solos de uso internacional, resultaram em vários artigos publicados em periódicos de alta qualidade e produziram 26 dissertações e 19 teses defendidas. “Já somos hoje um dos maiores grupos de pesquisa em permafrost do mundo".

Fonte: UFV.