Impostos, taxas e subsídios fazem com que o Brasil tenha a segunda conta de luz mais cara do mundo, de acordo com levantamento da Associação dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace) sobre uma lista com 30 países. Apenas os colombianos sofrem mais para pagar pela energia elétrica.
Cálculos da entidade indicam que os brasileiros já pagaram R$ 35,8 bilhões de impostos e subsídios na conta de luz somente nos primeiros três meses deste ano. Até o final de 2022, o montante deve chegar a R$ 144 bilhões. Em apenas cinco anos, o volume pago em taxas sobre a energia elétrica aumentou 47%.
A associação verificou ainda que cerca de 25% de todo orçamento familiar é gasto com energia – contando aqui a eletricidade, a gasolina e o uso em produtos e serviços.
O país poderia oferecer uma energia elétrica bem mais barata, segundo Victor iOcca, diretor de Energia Elétrica da Abrace, pois possui uma das matrizes energéticas mais variadas do mundo, contando com hidrelétrica, eólica, solar, nuclear e térmica. Mas os tributos acabam deixando a conta mais cara para todos.
“A energia em si é essencial para todos. Dificilmente alguém deixa de pagar pela conta de luz. Isso leva o setor a ser uma fácil forma de arrecadação. Em vez de termos políticas públicas para reduzir a conta, o país vem colocando cada vez mais custos na cobrança”, explica.
Segundo iOcca, um dos grandes pesos nessa conta é o subsídio para usinas na Amazônia e na região Sul do país, que utilizam combustíveis fósseis, como carvão natural. E os gastos com queima de combustíveis para a produção de energia deve continuar, já que o Ministério de Minas e Energia contratou novas termelétricas para 2022 – mesmo que os reservatórios estejam cheios. A previsão é de custos extras de R$ 39 bilhões em quatro anos.
Esse gasto deve ser embutido nos valores das tarifas. “Para o consumidor, não faz muito sentido pagar pelas térmicas com custo de R$ 1.600 o megawhatt-hora, sendo que a energia produzida pelas hidrelétricas custa R$ 300. O custo é seis vezes maior sem necessidade”, afirma.
O Brasil está na contramão do mundo ao pensar em energia, segundo o diretor da Abrace, Victor iOcca. Enquanto países desenvolvidos pensam em soluções para reduzir a queima de combustíveis fósseis (para barrar o aquecimento global), aqui houve a contratação das térmicas, que são mais caras e poluentes.
Para iOcca, a sociedade precisa pressionar o poder públic o para que haja uma melhor gestão da energia. “Como cidadãos, temos que evidenciar aos políticos que energia é uma pauta muito importante não só para a indústria, mas para toda a população”, opina.
E a tendência é que a conta fique muito mais cara em todo o país em 2022. Na terça-feira, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou aumento superior a 20% para consumidores do Mato Grosso. Em Minas, o reajuste da Cemig ainda não foi definido.
A Abrace estima que uma redução de 50% no custo da energia e do gás natural representaria um aumento adicional no PIB de 1,1% ao ano.
Com informações de O TEMPO.